quarta-feira, 2 de setembro de 2015

UNIVERSIDADE DA SINGULARIDADE

  Por. Prof. Dr. Sofiane Labidi


A convergência e o desenvolvimento exponencial das novas tecnologias conduzirão,em um futuro muito próximo,à emergência de um mondo completamente transformado.Nesse contexto surgiu uma das mais polêmicas teorias da ficção científica: a singularidade tecnológica, ou a teoria da singularidade, ou simplesmente singularidade.
   A singularidade é um nome inspirado de um conceito famoso na ficção científica que apareceu na década de 50, e que se popularizou em 2005,após a publicação do livro do inventor e futurólogo Ray Kurzweil (hoje Diretor  de Desenvolvimento da Google) “The Singularityisnear” (a singularidade está próxima).  Porém, os princípios básicos da singularidade tecnológica já foram projetados nos anos 50 pelo matemático húngaro John von Neumann que é o pai da informática e que desenhou a arquitetura básica dos computadores modernos.
      O termo singularidade foi emprestado da física para designar fenômenos tão extremos que as equações não são mais capazes de descrevê-los como os buracos negros, etc.Ou seja, singularidade é um nome que é usado para exprimir tudo o que está além da nossa capacidade de cognição e previsibilidade.
       A singularidade se refere a um estado no desenvolvimento da história da humanidade aonde chegaremos a uma aceleração tão intensa da transformação e da mudança causada pelos impactos das novas tecnologias e que nos levarão a um ponto de não-retorno (ou ponto de não volta, chamado também de ponto da ruptura).
     É a ruptura entre dois mundos: o mundo atual e um novo mundo que alcançaremos graças ao desenvolvimento das ciências exponenciais chamadas de NBCI: Nanotecnologia, Biotecnologia e Inteligência Artificial (ou Inteligência Computacional).  Essas tecnologias estão evoluindo cada vez mais aceleradamente, se integrando entre si e mudando rapidamente a nossa realidade.
Assim, esta revolução (ruptura) será baseada no desenvolvimento de uma super inteligência onde as máquinas (computadores, robôs, etc.) se tornarão tão inteligentes que eles ultrapassarão a soma de todas as inteligências humanas.
    A estimativa da Google é que este ponto de ruptura, chamado singularidade, acontecerá entre 2029 e 2045.  Outros gurus da ciência estimam que este momento chegará até 2140.  Será, portanto, o inícioda dominação da inteligência não biológica (ou artificial) criada,pós esta super inteligênciaserá miliares de vezes mais poderosa de que toda a inteligência humana atual.
     Na realidade, o salto das tecnologias exponenciais não é algo novo.  Destaca-seseis épocas onde acontecerem transformações importantes: (1) aparição das primeiras estruturas atômicas baseadas nas leis da física e da química,  (2)  formação do DNA:cas informações do código genética passarem a ser organizadas e replicadas,  (3) surgimento do cérebro (modelo mental),  (4) surgimento das máquinas,  (5) a singularidade: fusão e coordenação  homem-máquina que permitirá que a inteligência e a criatividade humana ultrapassem os limites do cérebro humano, e  (6) grande transformação: onde os padrões de energia e matéria serão substituídos por uma espécie de inteligência universal.
       A singularidade irá introduzir mudanças tão profundas na sociedade que os indivíduos do mundo atual (mundo antes da singularidade) não poderão nem apreender nem fazer predição.
     Além disso, a maioria das pessoas pensa de forma linear e a nossa sociedade também é linear.  Entretanto, as nossas tecnologias são exponenciais.  Isto criará um vaco enorme causando sérios problemas, mas também oportunidades.
      Pensando em gerar tais oportunidades e em preparar a sociedade humana e o mundo para a este ponto, a Google e a Nasa se unirem em 2008 e criarem a Universidade da Singularidade (US).  Esta universidade, diferente de todas as outras, ensina e prepara a sociedade sobre as tecnologias exponenciais(NBCI) e sobre o que está vindo por aí, com base no modelo exponencial da evolução tecnológica.
    A US é patrocinada pela Google e instalada no parque tecnológico da Silicon Valley nas dependências da NASA no NASA Research Park Campus.  Ela foi fundada por Ray Kurzweil e Peter Diamondis.Atualmente, a US está estendendo suas atividades para Europa ao se instalar em Paris neste segundo semestre de 2015.
    A US é um centro de pesquisa e de educação sobre as tecnologias de ruptura (os NBCI).O objetivo é de formar novos lideres como empreendedores e pensadores para a sociedade na direção em que o mundo está indo e está precisando:tecnologias exponenciais e o potencial ascendente da tecnologia com foco nos problemas potenciais da humanidade:  Energia, Poluição Saúde, etc.
   Inicialmente, a US dará ao aluno uma visão geral das tecnologias exponenciais – lhe dando uma amplitude na sua formação.  Oitenta por cento do currículo eh focado no que vai acontecer no futuro, e é atualizado semestralmente.A instituição oferece cursos em dez áreas do conhecimento: Estudos do Futuro; Redes e Sistemas de Computação; Biotecnologia e Bioinformática; Nanotecnologia; Medicina e Neurociência; Inteligência Artificial, Robótica e Computação Cognitiva; Energia e Sistemas Ecológicos; Espaço e Física; Política, Leis e Ética; e Finanças e Empreendedorismo.
    A US está investindo nas pesquisas para um mundo onde termos fusão entre o homem e máquina.  Os avanças das pesquisas sobre reprogramação de DNA e os robôs submicroscópicos reparadores de células permitira a cura das doenças.  O envilecimento é considerado um doençacurável e em breve estima-se que os homens chegarão saudáveis aos 150 ou mais anos.  No Império Romano, a expectativa de vida era 23 anos; em 1900, era 33; hoje, é de 76 anos.  De fato, compartilhamos 90% do genoma dos ratos, cuja idade normal já se conseguiu multiplicar por dois ou por três.  Poderemos também encontrar uma forma de aumentar a eficiência do nosso cérebro ou de nos ligar a computadores para unir a nossa criatividade à capacidade de processamento deles, etc.
      Seremos capases de criar novas células para o coração a partir dasncleulas da pele e de introduzir essas novas células no sangue.  Gradativamente, as células do oração serão substituidas por essas células novas e consequentemente teremos um novo coração regenerado com seu propro DNA.
Graças aos avanços das NBCI teremos a possibilidade de criar máquinas capazes de se fundir a sistemas orgânicos e estender as nossas capacidades ou realizar serviço.
Enfim, as possiblidades são gigantescas e nosso mundo será outro.  Mas há uma questão importante a refletir, é como podemos imaginar o que esta supra inteligência é capaz de fazer?  Como será o controle de nosso mundo? e a questão ética?
    Ao ver como o mundo da ciência está avançando, temos a obrigação de repensar nossa sociedade.  É lamentável de ver que estamos nos afastando cada vez mais do bonde tecnológico e educacional ao nos agarramos a modelos arcaicos de gestão e de desenvolvimento da ciência e das nossas universidades.

terça-feira, 5 de maio de 2015

DESAFIOS DA UFMA

Por Prof. Dr. Sofiane Labidi
   Para muitos, a universidade é fundamentalmente um espaço para transmissão do conhecimento no intuito de formar recursos humanos.  Durante muitos anos, o Ensino era considerado a função preponderante da universidade.  A Pesquisa e a Extensão foram incorporadas gradativamente e fazem parte da história recente da universidade brasileira.
   Creio que a visão clássica de hoje que restringe a universidade a uma entidade desenvolvedora do tripé ENSINO – PESQUISA – EXTENSÃO deixa de ter sentido a partir do momento em que nós não sabemos para quê serve este Ensino?  Para quê serve o conhecimento gerado?  e qual será o papel dos milhares de profissionais que colocamos no mercado a cada ano?
   O distanciamento observado entre a universidade e seu entorno: sociedade, meio empresarial, meio industrial e meio governamental está colocando em xeque este modelo e o papel da universidade na sociedade.  Esta visão está se tornando caduca, principalmente porque tanto o ensino, como a pesquisa e a extensão não estão amplamente voltados para sociedade.
    Ao analisarmos o contexto e o cenário maranhense, deparamos em uma realidade alarmante, pois, apesar de ser um estado potencialmente rico, com uma abundância de recursos naturais e uma localização estratégica invejável, o Maranhão apresenta os piores indicadores sociais e econômicos da federação.  É inadmissível que, em pleno século XXI, mais de 20% da polução maranhense ainda é analfabeta.  Além disso, o Maranhão detém os piores índices de mortalidade infantil, baixa expectativa de vida, baixo Índice de Desenvolvimento Humano –IDH, baixa produtividade, baixo Produto Interno Bruto -PIB, Baixos índices educacionais, alto índice de pobreza, alto índice de violência, alto índice de desemprego, etc.
Diante deste cenário perverso, e como professor e pesquisador da Universidade Federal do Maranhão -UFMA, me pergunto: qual é a nossa parcela de responsabilidade nisso?  Qual deva ser o grau de nossa preocupação com este cenário?  O que estamos realmente fazendo para reverter este quadro?  Enfim, qual é, de fato, o papel da universidade na sociedade?
  Estamos em pleno século XXI, vivemos na nova era da globalização, da tecnologia, do conhecimento, da competitividade, da inovação, e da mudança.  Neste contexto, qual é o papel da academia neste novo contexto e na sociedade?
Nossa universidade detém a maior concentração de inteligências no estado com mais de 80% de seus mestres e doutores. Infelizmente, apesar deste potencial extraordinário, o Maranhão continua o pior da federação.  Ao olharmos ao redor da nossa universidade o que observamos é muita pobreza e descaso!  E o pior, estamos bem acomodados no nosso ninho.  A universidade está desconectada da realidade e pouco impacta a sociedade.
    Não podemos negar a importância da universidade como uma instituição de papel fundamental a formação dos acadêmicos lhes proporcionando um importante crescimento profissional e pessoal.  Porém, este papel não é determinante, pois qualquer instituição acadêmica de qualquer escala e em qualquer local pode cumprir este papel.  A UFMA, pelo potencial que tem e pelo montante de recursos que recebe, não pode se limitar a esta função.  Acredito que nossa querida universidade tem uma responsabilidade social bem maior e deva de fato impactar a sociedade.  Formar é a função básica da nossa universidade, que deve ser fortalecida e desempenhada com qualidade e excelência.  Entretanto, nós não podemos se limitar a esta função.
    Nossa academia tem um débito muito grande perante a sociedade.  A UFMA ainda não casou com o Maranhão.  Precisamos nos reconciliar com os trabalhadores, com o homem do campo, os movimentos sociais, o setor produtivo, o empresariado, as comunidades carentes, e as diferentes classes sociais.  Estes segmentos reúnem as condições para quebrar o ciclo perverso do atraso e retomar as bases do verdadeiro desenvolvimento que deve ser baseado no conhecimento.
    Acredito muito no nosso potencial, que hoje se encontra subestimado e sub explorado, e na nossa força em contribuir efetivamente com nosso estado, um estado tão carente e tão necessitado da contribuição de suas inteligências.  A universidade não está cumprindo o papel que deveria ser o seu.  Ensinar, formar é o mínimo que nossa instituição possa oferecer.  Precisamos ser mais corajosos, mais audaciosos, mais atuantes e mais envolvidos no dia-a-dia da nossa sociedade.Precisamos caminhar para uma universidade moderna, inclusiva, aberta, inovadora e transformadora da sociedade onde ela está inserida.
     A universidade, que é uma das células mais importantes da sociedade, encontra-se em um momento crucial de sua existência.  A instituição acadêmica está enfrentando os desafios do século, além disso, sua responsabilidade perante a sociedade está aumentando a cada dia.  Porém, sua estrutura arcaica e engessada e sua inercia estão travando seu avanço e colocando em xeque seu papel na sociedade.
    A inovação é o motor da evolução da sociedade e a educação é seu fundamento.  A inovação passa, em primeiro lugar, pela geração de conhecimento que a universidade sabe fazer muito bem e em segundo lugar pela transformação do conhecimento gerado em riqueza.  Isto passa pela interação com a sociedade e com a empresa.  É principalmente neste segundo aspecto que estamos pecando.  Precisamos se aproximar da indústria e da micro e pequena empresa.  Precisamos criar as condições para explosão do potencial da academia ruma a uma universidade moderna, inclusiva, inovadora, aberta, e transformadora da sociedade. A UFMA precisa de um novo modelo de Gestão para se modernizar e se preparar para enfrentar os novos desafios da era da mudança e do conhecimento.

terça-feira, 28 de abril de 2015

A UFMA PEDE SOCORRO!

Por Prof. Dr. Sofiane Labidi
     A dezoito anos no poder (dez anos na direção do hospital universitário e oito anos na reitoria), a cúpula da atual administração superior da UFMA sonha e planeja perdurar ainda maisum bom tempo no seu reinado.
     Direito legitimado assegurado deles, se não fosse pela práticada máxima bolchevista “os fins justificam os meios”.        Para isto, tudo é permitido: uso da máquina na campanha, campanha antecipada, ferimento à democracia ao nomear um conselho universitário pró-tempore que, por via de regra, devia ser eleito, a prática da perseguição, intimidação, e a difamação, e por ai vai.
      Tudo isto em nome de uma gestão histórica e revolucionária.Algumas pessoas estão de queixo caído ao ver as melhorias infra estruturais e a maquiagem feita na Ufma.  Convido essas pessoas a visitarem universidades aqui mesmo do nordeste como UFPI e UFPA por exemplo(as federais do Piauí e do Pará). Senhores, estamos longe de chegar perto!
    Na realidade, a maioria não sabe que a UFMA, a exemplos da maioria das Universidades Federais, jamais recebeu tanto recurso e apoio na sua história.  Mérito dos Governos Lula e Dilma.  Que a justiça seja feita!  Além disso, devemos ressaltar o empenho da nossa bancada de deputados e senadores em Brasília que assegurarem bastante recursos para a nossa querida universidade.  Todos, sem exceção, participarem deste esforço.  São cerca de 100 milhões de reais só em 2014 para que se tenha ideia.  Infelizmente, pouca gente sabe disso.
     Com tanto recurso, devíamos fazer muito mais pela UFMA.  Infelizmente, esse esforço não foi acompanhado por uma melhoria no tripé Ensino-Pesquisa-Extensão e a nossa universidade encontra-se hoje no pior momento de sua história.  Prova disso são os indicadores de qualidade da UFMA queestão despencando seguindo os dados do MEC.Por exemplo, enquanto as universidades de todo o pais estão investindo na educação a distância (EAD), a UFMA que chegou a ter cerca de 15.000 alunos em Educação a Distância, hoje não passa dos 3.000 alunos.  Os campi do interior estão sofrendo com a falta de transporte, de moradia, de restaurante, et.
    O descompromisso com quem faz a alma da universidade que são seus alunos, professores e técnico-administrativos é alarmante.  Falta diálogo, falta respeito, falta aproximação.  A UFMA de hoje é uma caixa preta que necessita de modelo de gestão participativo e eficaz.  Tudo é centralizado na figura do reitor o que inviabiliza o funcionamento da instituição.  As pró-reitorias não têm autonomia para gerir os recursos.
     A insatisfação é muito grande tantos dos alunos como dos professores e dos técnicos administrativos.  Vamos salvar a Ufma Este gigante adormecido, precisa ser acordado.
     Nas minhas falas, sempre ressaltei a dimensão extraordinária da UFMA e sua importância para o Maranhão.  A UFMA é cheia de competências e talentos. A UFMA gera conhecimento de qualidade: monografias, dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos publicados em periódicos, etc.Infelizmente, esse conhecimento gerado fica nas prateleiras e está sub utilizado.  Isto não é a culpa do pesquisador, mas sim da falta de uma verdadeira política institucional para transformação deste conhecimento gerado em inovações, patentes, royalties, políticas públicas, etc.
      Estamos propondo a criação da Agência UFMA de desenvolvimento, a exemplo da Inova da Unicamp, que se encarregará disto e da interação Universidade-Empresa.  O conceito do “Conhecimento Útil” é aproveitamento do conhecimento gerado na academia em pró da sociedade e do desenvolvimento.  Difamar minha fala e espalhar nos blogs que estou dizendo que os pesquisadores da Ufma fazem pesquisas inúteis é um descompromisso com a verdade e só é prova do desespero do grupo no poder que está assistindo o seu castelo desmoronar.
   Em pleno século XXI, essas práticas desrespeitam a nossa universidade e não conduzem com a ética e a cidadania.  A UFMA está pedindo mudanças.  A Ufma está pedindo novos ares, um novo modelo de gestão moderno, e um novo olhar sobre seu papel na sociedade.

    A nossa fé é muito grande.  Vamos salvar a Ufma, vamos lutar por uma universidade democrática, inclusiva,moderna, inovadora, e que busca estar em um patamar de excelência, garantindo-lhe o status da maior e melhor Universidade do Nordeste e uma das mais conceituadas do Brasil.

domingo, 19 de abril de 2015

COOPERATIVISMO

Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi

       O capitalismo é um Sistema que sabe gerar riqueza, porém não sabe distribuí-la.  O Comunismo e o Socialismo sabem distribuir riqueza, mas não sabem gerá-la.  Entretanto, o Cooperativismo é o único Sistema econômico que sabe fazer as duas coisas: gerar riqueza e distribuí-la.
       Cooperativismo significa a união de pessoas para criação de riqueza sob uma base de gestão democrática e a distribuição desta de uma forma equitativa.  Uma cooperativa é uma associação autônoma de pessoas (acima de 20) que se juntem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e/ou culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.
       Forte de valores como equidade, solidariedade, gestão compartilhada, valorização e priorização do capital humano em detrimento do capital financeiro, distribuição, e sustentabilidade, o Cooperativismo é muito mais que um negócio, é uma filosofia capaz de unir desenvolvimento econômico e bem estar social.  É um modelo alternativo que combina produtividade e responsabilidade social e que busca uma sociedade próspera, mais justa e mais humana.
        O cooperativismo é um movimento que gera hoje qualidade de vida para mais de um bilhão de cooperados no mundo.  Este número é muito superior aos 328 milhões de acionistas de empresas de capital.  O cooperativismo emprega atualmente mais de 100 milhões de pessoas.  Nos Estados Unidos, a população cooperativista é de 120 milhões de pessoas.  No Brasil, segunda a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem hoje no país cerca de 6.700 cooperativas com mais de 9 milhões de associados e cerca de 300 mil funcionários.  As cooperativas atuam em 13 segmentos diferentes.          Porém, um pouco menos da metade das cooperativas brasileiras atuam nos setores de agropecuária e de crédito congregando 4 milhões de associados de um total de 9 milhões.  No Maranhão, há cerca de 600 cooperativas.  Porém, apenas 50 delas têm suas documentações em dia.
Para apreendemos a importâncias das cooperativas em relação aos bancos, basta observemos, por exemplo, o desempeno dos bancos.  De acordo com dados do Banco Central (BACEN), as 76 agências bancárias instaladas em São Luís lucrarem de janeiro de 2010 a junho de 2011 (18 meses) 692 milhões de reais.  Infelizmente, este dinheiro tem achado seu paradeiro nos grandes centros financeiros do País, deixando a comunidade ludovicense e a economia local carente de recursos para o desenvolvimento de suas atividades.
     Em nível nacional, apenas nas regiões Sudeste e Centro-oeste que o volume das captações dos bancos é menor que o volume dos investimentos (empréstimo, financiamentos, etc.).  Isto mostra que tais regiões recebem recursos externos vindo das outras regiões.  No Maranhão, o superávit total das 276 agências bancárias do estado é de 317 milhões (2011)
    Diferentemente do sistema bancário, o cooperativismo é um mecanismo que proporciona que os recursos fiquem nos municípios e beneficiem seus titulares.  As cooperativas de crédito, por exemplo, é um importante mecanismo para implementar ações que promovam a inserção de comunidades carentes na cadeia produtiva e fomentar portanto o crescimento econômico.  Suas vantagens são enormes, pois a cooperativa de crédito é dirigida e controlada pelos próprios cooperados, todos os associados têm acesso ao crédito sem distinção, e com menor custo operacional em relação aos bancos, menor taxa de juros nas operações de crédito, menores tarifas de prestação de serviços, menos impostos e tributos, e maior rendimento nas aplicações financeiras.  A concessão do crédito é imediata e sem burocracia, o atendimento é personalizado, a aplicação dos recursos é feita na própria classe e as sobras e excedentes são distribuídas entre os cooperados.  Além disso, as cooperativas têm um fundo de assistência aos cooperados e um fundo de reserva.
   Ficou comprovado que as cooperativas exercem um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social de centenas de milhões de pessoas pelo mundo.  Portanto, cabe a todos: governos, cooperativas e as organizações representativas do setor de encontrar as formas de dar ênfase à decisão da ONU.  As universidades precisam contribuir, por exemplo, criando cursos relacionados como o de “Gestão de Cooperativas”, etc.
As secretarias de trabalha e renda devem dar mais importância a esta ferramenta extraordinário de combate à pobreza e à desigualdade.  O SEBRAE e a FIEMA podendo também ter um papel fundamental no fortalecimento do setor.  Salientamos ainda a bela inciativa da Associação Comercial do Maranhão que, no ano internacional do cooperativismo e quadricentenário de nossa querida São Luís, está instalando a cooperativa de crédito dos empresários do Maranhão.  Também, a Organização das Cooperativas do Estado do Maranhão (OCEMA) e os órgãos municipais competentes pelo esforço na definição e implantação da Política Municipal de Cooperativismo.
       Devemos sensibilizar sobre a importância desta ferramenta econômica e social, e de promover a criação e o desenvolvimento desse modelo que, nos últimos anos, vem atraindo o interesse tanto dos economistas como dos empreendedores.
    Precisamos entender que há milhares de maneiras de fazer negócios e que necessitamos trabalhar juntos de forma cooperativa.  Fica aqui registrada a nossa homenagem e nosso reconhecimento do papel fundamental das Cooperativas na promoção do desenvolvimento socioeconômico de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo e parabenizamos a categoria pelo ano internacional do cooperativismo.

sábado, 11 de abril de 2015

CIÊNCIA, ACADEMIA, E DESENVOLVIMENTO

   
Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
    O futuro da humanidade passa pela ciência. Cada vez mais, nosso mundo está dependendo do conhecimento e de sua aplicação.  A ciência é a descoberta e geração de novos conhecimentos fruto da pesquisa científica.  A ciência é reconhecida também como o “método de pensamento e de ação”.  O método é o caminho; o pensamento é a ideia ou a abstração; e a ação é o visível ou o concreto.
   Graças à ciência, usufruímos hoje da energia elétrica, água tratada, vacinas e remédios contra as doenças, celulares, Televisões, etc. colaborando assim consideravelmente com o progresso da humanidade.  O futuro da nossa gente está atrelado ao conhecimento.
   As revoluções científicas são grandes descobertas que, além de ampliarem o conhecimento existente, mudaram radicalmente nossa forma de ver o mundo e renovam nossos paradigmas.  Como exemplos de gente responsáveis dessas revoluções científicas, citamos: Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Isaac Newton, Charles Darwin, Max Planck, Albert Einstein, etc. A revolução de Nicolau Copérnico, no século XVI, por exemplo, derrubou a teoria que considerava a Terra como o centro do         Universo afirmando que nosso planeta gira em torno do Sol.
Entretanto, embora tais teorias sejam muito importantes, nenhuma delas rivaliza com o impacto da revolução quântica.  A mecânica ou física quântica é o estudo dos sistemas físicos em uma escala muito pequena (10-10) nas camadas atômicas e subatômicas: átomos, elétrons, prótons, pósitrons, etc. em oposição à mecânica clássica de Newton.
   Devemos ter uma visão quântica do nosso universo e não uma visão clássica.                 Devemos acreditar que o homem é o centro do universo e que a ciência é seu grande aliado.
    Precisamos entender que a ciência é a grande responsável pelo desenvolvimento social, político, econômico de uma nação, de uma região, de um estado, de uma cidade.  Sem a ciência, seremos, eternamente, meros copiadores de modelos, e continuaremos dependentes para sempre.
      A ciência tem que ser popularizada e a educação tem que ter prática, pois não existe ciência sem a prática científica.  Infelizmente, estamos focando muito mais a quantidade de que a qualidade.
  É preciso mudar o paradigma e reconhecer que é com o conhecimento, empreendedorismo, e inovação que iremos crescer e esperar um futuro melhor.
   Quando falo de conhecimento, me refiro à necessidade de uma educação de qualidade focada nas reais necessidades da nossa gente.  O princípio do “conhecimento útil” que infelizmente é pouco entendido e colocado em prática por nossa academia.
  Quando falo de empreendedorismo, me refiro à importância da empresa no tecido econômico e social, pois ela é a grande responsável pela geração de emprego e de riqueza no estado e no país.
  Quando falo de inovação, me refiro à importância da criatividade e da pesquisa científica que é transformada em riquezas.

   Sem dúvida, a Agenda do futuro é a agenda da formação, do conhecimento, da ciência e da inovação.  Vamos dar aos nossos jovens as condições para produzir ciência, riqueza, e crescimento.  Vamos investir no conhecimento útil e intensificar o aporte da ciência e da tecnologia na nossa estratégia de desenvolvimento.  A nossa academia precisa sair de sua zona de conforto e do atraso e assumir seu verdadeiro papel na sociedade i.e. nossa academia precisa ser um verdadeiro elemento de transformação da sociedade.  Viva a Ciência aliada do cidadão e do progresso.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

CONHECIMENTO E INOVACAO


     
       Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
      Considero a “empresa” a célula mais importante da sociedade e seu principal motor de desenvolvimento.  Isto porque, além das suas responsabilidades sociais, a empresa tem grandes capacidades de geração de trabalho e renda e é evidente hoje o papel fundamental que as empresas têm na economia regional e nacional. 
   As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) representam a grande fatia deste seguimento e são responsáveis por mais de 50% dos empregos gerados no país tendo assim uma grande influência no fortalecimento das economias locais.
      A globalização da economia quebrou todas as barreiras e colocou as empresas em competição aberta diante de um mercado heterogêneo e muito dinâmico aumentando as ameaças às empresas locais, regionais e nacionais.  Uma empresa Maranhense, por exemplo, está em competição direta com empresas chinesas, francesas, norte americanas; etc.  Assim, a competitividade do Maranhão passou a depender da capacidade de valorização de seus recursos locais no mercado global.
      Portanto, está em jogo a sobrevivência das empresas e a estratégia para enfrentar este desafio é a inovação tecnológica.  No mercado globalizado, a competitividade está dependendo, cada vez mais, da capacidade da empresa aprender e inovar.  Os esforços deverão logo se concentrar na implantação e manutenção, na empresa, de uma estrutura própria de Aprendizagem Organizacional e de Pesquisa,      
      Desenvolvimento e Inovação -PD&I para desafiar esta nova realidade competitiva.  A inovação passou a ser um elemento estratégico e motor do crescimento econômico sustentável, pois aumenta a produtividade e a competitividade, e cria mercados.
      Não devemos observar a inovação como algo complexo, concentrado na alta tecnologia e envolvendo grandes investimentos.  A inovação pode ser realizada por qualquer empresa, qualquer que seja seu tamanho e seu orçamento e em qualquer nível: no produto, no processo, no serviço, ou em ambos; no estratégico, no tático, ou no operacional.
      Uma pequena panificadora de São Paulo, para enfrentar a forte competitividade das redes de supermercados, inovou implantando uma central de produção de pães congelados.  Isto permitiu a expansão da empresa que, em pouco tempo, aumentou de oito vezes o seu faturamento, inaugurou duas novas filiais, e quadriplicou o número de seus funcionários.  Esta é uma inovação técnica de processo que exigiu da empresa pesquisa para desenvolver um conhecimento tecnológico necessário para leitura de código de barras e para o próprio processo de congelamento.
      Os desafios mudaram e as inovações tecnológicas decorrentes do conhecimento e da pesquisa sistemática já dominam a nova economia.  Para ilustrar esta mudança, basta observar que na área da agricultura, por exemplo, não é preciso ter apenas água, terra, e sol para ser competitivo; existem hoje os grãos geneticamente modificados que têm um grande valor agregado e que são resultados de pesquisas inovadoras.  Isto mostra a importância do conhecimento como fator estratégico das empresas, capaz de gerar vantagens competitivas e diferenciais de mercado.
      As organizações estão se esforçando cada vez mais em criar, armazenar, transferir e aplicar o conhecimento.  No Maranhão, poucas empresas exercem algum tipo de ação para colocar a Inovação Tecnológica em prática.  Contudo, iniciativas interessantes surgiram como o programa “Inova Maranhão” da FAPEMA lançado no AmazonTech 2008, o SIBRAETEC e os Agentes Locais da Inovação do SEBRAE Maranhão, os programas de Inovação da FIEMA, a criação de Núcleos de Inovação Tecnológica nas nossas universidades: IFMA, UFMA e UEMA.  Entretanto, é preciso convergir tais iniciativas buscando elaborar uma Política Estadual da Inovação criando um Conselho Gestor e um Observatório da Inovação.
      Precisamos urgentemente de um marco regulatório para esta finalidade, Leis Estadual e Municipais da Inovação, Leis Estadual e Municipais do Bem e de Informática.  A Lei Estadual da Inovação é uma das exigências do Ministério de Ciência e Tecnologia –MCT que espera que todos os estados da federação tenham suas Leis estejam aprovadas e em funcionamento.  A Lei da Inovação deve estabelecer regras para o investimentos de recursos públicos Estaduais e Municipais em projetos de Inovação nas Empresas, regulamentar a participação de Pesquisadores em Projetos de Inovação Tecnológica nas Empresas e criar o Fundo Estadual/Municipal da Inovação garantindo assim subsídio para o investimento nesta área. Infelizmente, a Lei da Inovação do Maranhão foi desenvolvida pela Fapema e pronta deste o início de 2009, nunca foi encaminhada à Assembleia para aprovação.
          Precisamos também disseminar a cultura da inovação na nossa academia e junto com os nossos empresários, implantando a disciplina de Empreendedorismo em nossos currículos acadêmicos, encorajando a instalação de Empresas Juniores, e apoiando a criação da Rede Maranhense de Incubadoras de Empresas.
      Nossa academia precisa rever seu papel na sociedade e se abrir para o mundo externo, trabalhando de forma eficiente o tripé Ensino-Pesquisa-Extensão com foco na Inovação.  Precisamos também encontrar mecanismos para fortalecer a interação Universidade-Empresa.  Isto é fundamental para o sucesso da implantação de uma Política de Inovação no Estado além de sensibilizar e capacitar nosso empresário no uso das tecnologias e na busca contínua por inovações.
Para consolidar tais iniciativas, precisamos urgentemente consolidar um Parque Tecnológico no Estado.  O Maranhão é, hoje, o único Estado do Nordeste sem ter um Parque Tecnológico instalado no seu território.  Estados como São Paulo, por exemplo, tem quinze Parques Tecnológicos.  A instalação de um Parque Tecnológico no Estado atrairá grandes  investimentos do setor privado além de incentivar a instalação no Maranhão de grandes empreendimentos.  O Parque deve implantar um Centro de Transferência de Tecnologia e de Negócios e contemplar áreas estratégicas para o estado como um Polo de Biotecnologia, um Polo de Software, um Polo de Biocombustíveis e Energias Renováveis, um Polo Aeroespacial, um Polo de Agronegócio, Incubadoras de Empresas, etc.
       É neste quadro de orientação que deve se inscrever nossa abordagem prospectiva da implantação do Parque Tecnológico do Maranhão, buscando assim a emergência de um clima de Pesquisa propício à Inovação Tecnológica e consequentemente à melhoria da competitividade econômica do Estado e à geração de trabalho e renda transformando conhecimento em riquezas que beneficiam todos os maranhenses.

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