segunda-feira, 29 de setembro de 2014

GESTÃO DA MUDANÇA

A sociedade do saber que estamos vivenciando é caracterizada pela mudança.  Este fenômeno causourupturas de tendências e conseqüentemente aumentou a incerteza com relação ao futuro.A grande questãohoje é: como viver em uma sociedade em mudança contínua?Como será o amanhã? Como será o futuro?
Nosso desejo de prever o futuro é tão antigo quanto à própria existência humana.  No Egito dos faraós,por exemplo, os sacerdotes anunciavam antes mesmo do plantio qual seria o resultado da colheita baseando-se na observação da coloração e do volume das águas do rio Nilo no início da primavera.  Pesquisadores reconhecem que a preocupação com o futuro é uma função biológica que intriga o homem.O instinto de sobrevivência leva o homem a buscar respostas para satisfazer suas curiosidades eminimizar as incertezas.  As organizações também passam pelas mesmas angústias e incertezas com relação ao futuro e buscam sua sobrevivência.
As ações e os investimentos são feitos hoje para minimizar a incerteza do amanhã e buscar garantir um futuro melhor.Nossa sobrevivência depende de nossa capacidade de planejar para o futuro!  Issoimplica na necessidade de estudar o futuro, fazer previsões e montar estratégias.
Entretanto, assistimosa partir dos anos 2000, ao fracasso de muitas previsões: “bug do milênio”, “extinção da floresta amazônica”, “explosão demográfica”, “3ª guerra mundial”, etc.  Esse fracasso nas previsões é explicado por três principais razões:  o fato das previsões não levam em consideração o comportamento humano, a utilização de uma grande quantidade de dados mas que explicam apenas o comportamento passado e não o futuro,  e afalta de uma visão sistêmica: o problema é geralmente estudado observando apenas uma área de conhecimento e não considerando a inter-relação com outrasáreas e outros fatores.
Assim, valeria ainda apena perder nosso tempo estudando o futuro?  De fato, as metodologias clássicas de definição de estratégias tornaram-se caducas na Economia do Saber caracterizada por um ambiente turbulento e repleto de rupturas de tendências.  Contudo, essas metodologias clássicas se baseiam em análise de tendências e projeções.
O pesquisador francês Michel Godet (1999) classificou a atitude do homem diante do futuroem quatro tipos:  (1) Avestruz, atitude passiva,onde o homem sofre com a mudança;  (2) Bombeiro, atitude reativa,onde o homem aguarda o “fogo” se declarar para reagir e combater;  (3) Segurador, atitude pré-ativa: se prepara para as possíveismudanças porque sabe que a reparação é mais cara que a prevenção;  e (4) Conspirador, atitude pró-ativa: que atua no sentido de agir no presente para provocando mudanças desejadas sobre o futuro.
É nessecontexto que surgem as técnicas de inteligência competitiva, e especificamente os cenários prospectivos, que são utilizados com o objetivo de minimizar as incertezas e propiciar umaferramenta que facilite a definição de estratégias em um mundo cada vezmais incerto.
A teoria dos cenários prospectivos se fundamenta no princípio de que “o futuro é múltiplo e incerto”.  O futuro não está escrito em parte alguma, ele está por fazer. Isto contraria e derruba uma visão determinística da vida.O futuro funda-se no que fazemos no presente.
A teoria clássica de planejamento estratégico (projetiva) modela apenas um único cenário, enquanto a prospectiva faz referência a vários cenários plausíveis e desejáveis.  O objetivo não é de prever o futuro, mas de estudar diversas possibilidades de futuros plausíveis com o intuito de preparar as organizações para enfrentar qualquer uma delas, e/ou criar condições para que modifiquem suas probabilidades de ocorrência, ou minimizar seus efeitos.Apesar de ser confundida com previsões ou projeções, a prospectiva é uma abordagem completamente diferente!  Ela deve ser vista como um modo de pensar estrategicamente o futuro e de gerir as mudanças.
Os cenários são ferramentas que têm por objetivo a melhoriado processo decisório, com base no estudo de possíveis ambientes futuros.  São ferramentas que nos ajudem a ter uma visão de médio e longo prazo em um mundo de grandes incertezas.  Eles nos permitem de enxergar o futuro de modo diferente e de nos orientar na mudança de comportamento.  Eles norteiam nossas ações no presente à luz de futuros possíveis e desejáveis.  Todavia, não se deve confundir cenário e estratégia, pois o cenário define a visão do futuro e a estratégia define a atitude que deve ser tomada em face dos futuros possíveis.
Um cenário é caracterizado pelo seu horizonte temporal que define o período coberto pelo estudo de cenarização.  Ele varia em função da dinâmica e da evolução do sistema estudado.Por exemplo, a Eletronortetrabalha com um horizonte temporal de 22 anos, a British Airways trabalhou comum horizonte de 10 anos, o governo federal com um horizonte de 22 anos em “Cenários Exploratórios do Brasil: 1998-2020” e a Shell com um horizonte de 25 anos.
A técnica dos cenários prospectivos vem sendo utilizada com o objetivo de minimizar riscos e permitir a manutenção do posicionamento competitivo das empresas e entidades no mercado. Nesse aspecto, uma referência nacional é o Governo de Minas Gerais, que trabalhou com quatro cenários prospectivos: “Brasil Vai/Minas Vai”, “Brasil Vai/Minas não Vai”, “Brasil não Vai/Minas Vai”, e “Brasil não Vai/Minas não Vai”.  As estratégias e as metas são montadas e revisadas regularmentebaseando-se nesses cenários.  O choque de gestão estabelecido nesse estado definiu um contrato entre as secretarias, governo e assembléia legislativa e é acompanhado trimestralmente com audiências na assembléia legislativa.  Há premiações no caso em que asmetas são cumpridas e sanções no caso contrário.
Como o futuro não é escrito em nenhum lugar, a prospectiva não trabalhacom projeções e nem é uma previsão.As variáveis que descrevem os cenários são qualitativas,quantificáveis conhecidas, ou ocultas, cujas relações são dinâmicas, comestruturas evolutivas. O método de análise é intencional, utilizandomodelos qualitativos e estocásticos. A prospectiva conduz as organizações adesenvolver atitudes pré e pró-ativas em relação ao futuro, levando-a abuscar a formulação do futuro desejado.
O Maranhão que sempre sofreu com o improviso e com a falta de planejamento, precisa iniciar um novo ciclo baseado na ciência.  Precisamos montar urgentemente um
O IMESC poderá ser ampliado e transformado em um Centro de Estudos Estratégicos do Maranhão.  Este centro lideraria um grande trabalho para definição e implantação dos Cenários Prospectivos do Maranhão para os próximos 30 anos.  Assim, todas as Estratégias, Programas, Projetos, Ações, e Metas mobilizadoras do Governo deverão ir ao encontro deste planejamento de tal forma que otimizaremos recursos e encurtaremos caminhos para atingir nossos objetivos com um novo modelo de desenvolvimento fundamentado cientificamente e amparado por ferramentas eficazes de acompanhamento e avaliação da execução das políticas públicas.
Precisamos ser conspiradores!  Precisamos implantação urgentemente os cenários prospectivos, o Maranhão precisa.

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