A sociedade do saber que estamos
vivenciando é caracterizada pela mudança.
Este fenômeno causourupturas de tendências e conseqüentemente aumentou a
incerteza com relação ao futuro.A grande questãohoje é: como
viver em uma sociedade em mudança contínua?Como será o amanhã? Como será o
futuro?
Nosso desejo de prever o futuro é
tão antigo quanto à própria existência humana.
No Egito dos faraós,por exemplo, os sacerdotes anunciavam antes mesmo do
plantio qual seria o resultado da colheita baseando-se na observação da
coloração e do volume das águas do rio Nilo no início da primavera. Pesquisadores reconhecem que a preocupação
com o futuro é uma função biológica que intriga o homem.O instinto de
sobrevivência leva o homem a buscar respostas para satisfazer suas curiosidades
eminimizar as incertezas. As
organizações também passam pelas mesmas angústias e incertezas com relação ao
futuro e buscam sua sobrevivência.
As ações e os investimentos são
feitos hoje para minimizar a incerteza do amanhã e buscar garantir um futuro
melhor.Nossa sobrevivência depende de nossa capacidade de planejar para o
futuro! Issoimplica na necessidade de estudar
o futuro, fazer previsões e montar estratégias.
Entretanto, assistimosa partir dos
anos 2000, ao fracasso de muitas previsões: “bug do milênio”, “extinção da
floresta amazônica”, “explosão demográfica”, “3ª guerra mundial”, etc. Esse fracasso nas previsões é explicado por
três principais razões: o fato das
previsões não levam em consideração o comportamento humano, a utilização de uma
grande quantidade de dados mas
que explicam apenas o comportamento passado e não o
futuro, e afalta de uma visão sistêmica: o problema é geralmente estudado observando apenas uma área de conhecimento
e não considerando a inter-relação
com outrasáreas e outros fatores.
Assim, valeria ainda apena perder
nosso tempo estudando o futuro? De fato,
as metodologias clássicas de definição de estratégias tornaram-se caducas na
Economia do Saber caracterizada por um ambiente turbulento e repleto de
rupturas de tendências. Contudo, essas
metodologias clássicas se baseiam em análise
de tendências e projeções.
O pesquisador francês Michel Godet
(1999) classificou a atitude do homem diante do futuroem quatro tipos: (1) Avestruz,
atitude passiva,onde o homem sofre
com a mudança; (2) Bombeiro, atitude reativa,onde o homem aguarda o “fogo”
se declarar para reagir e combater; (3) Segurador, atitude pré-ativa: se prepara para as
possíveismudanças porque sabe que a reparação é mais cara que a prevenção; e (4) Conspirador,
atitude pró-ativa: que atua no
sentido de agir no presente para provocando
mudanças desejadas sobre o futuro.
É nessecontexto que surgem as
técnicas de inteligência competitiva, e especificamente os cenários prospectivos,
que são utilizados com o objetivo de minimizar as incertezas e propiciar
umaferramenta que facilite a definição de estratégias em um mundo cada vezmais
incerto.
A teoria dos cenários prospectivos se
fundamenta no princípio de que “o futuro é múltiplo e incerto”. O futuro não está escrito em parte alguma,
ele está por fazer. Isto contraria e derruba uma visão determinística da vida.O
futuro funda-se no que fazemos no presente.
A teoria clássica de planejamento estratégico
(projetiva) modela apenas um único cenário, enquanto a prospectiva faz
referência a vários cenários plausíveis e desejáveis. O objetivo não é de prever o futuro, mas de estudar
diversas possibilidades de futuros plausíveis com o intuito de preparar as organizações para enfrentar qualquer uma delas, e/ou criar condições para que modifiquem
suas probabilidades de ocorrência, ou minimizar seus efeitos.Apesar de ser
confundida com previsões ou projeções, a prospectiva é uma abordagem
completamente diferente! Ela deve ser
vista como um modo de pensar
estrategicamente o futuro e de gerir as mudanças.
Os cenários são ferramentas que têm por objetivo a
melhoriado processo decisório,
com base no estudo de possíveis
ambientes futuros. São
ferramentas que nos ajudem a ter uma visão de médio e longo prazo em um mundo
de grandes incertezas. Eles nos permitem
de enxergar o futuro de modo diferente e de nos orientar na mudança de
comportamento. Eles norteiam nossas
ações no presente à luz de futuros possíveis e desejáveis. Todavia, não se deve confundir cenário e
estratégia, pois o cenário define a visão do futuro e a estratégia define a
atitude que deve ser tomada em face dos futuros possíveis.
Um cenário é caracterizado pelo seu
horizonte temporal que define o período coberto pelo estudo de
cenarização. Ele varia em função da
dinâmica e da evolução do sistema estudado.Por exemplo, a Eletronortetrabalha
com um horizonte temporal de 22 anos, a British
Airways trabalhou comum horizonte de 10 anos, o governo federal com um
horizonte de 22 anos em “Cenários Exploratórios do Brasil: 1998-2020” e
a Shell com um horizonte de 25 anos.
A técnica dos cenários prospectivos
vem sendo utilizada com o objetivo de minimizar
riscos e permitir a manutenção do posicionamento competitivo das empresas e entidades no mercado. Nesse
aspecto, uma referência nacional é o Governo de Minas Gerais, que trabalhou com
quatro cenários prospectivos: “Brasil Vai/Minas Vai”, “Brasil Vai/Minas não
Vai”, “Brasil não Vai/Minas Vai”, e “Brasil não Vai/Minas não
Vai”. As estratégias e as metas são
montadas e revisadas regularmentebaseando-se nesses cenários. O choque de gestão estabelecido nesse estado
definiu um contrato entre as secretarias, governo e assembléia legislativa e é acompanhado
trimestralmente com audiências na assembléia legislativa. Há premiações no caso em que asmetas são
cumpridas e sanções no caso contrário.
Como o futuro não é escrito em
nenhum lugar, a prospectiva não trabalhacom projeções e nem é uma previsão.As
variáveis que descrevem os cenários são qualitativas,quantificáveis conhecidas,
ou ocultas, cujas relações são dinâmicas, comestruturas evolutivas. O método de
análise é intencional, utilizandomodelos qualitativos e estocásticos. A
prospectiva conduz as organizações adesenvolver atitudes pré e pró-ativas em
relação ao futuro, levando-a abuscar a formulação do futuro desejado.
O Maranhão que sempre sofreu com o
improviso e com a falta de planejamento, precisa iniciar um novo ciclo baseado
na ciência. Precisamos montar
urgentemente um
O IMESC poderá ser ampliado e
transformado em um Centro de Estudos Estratégicos do Maranhão. Este centro lideraria um grande trabalho para
definição e implantação dos Cenários Prospectivos do Maranhão para os próximos
30 anos. Assim, todas as Estratégias,
Programas, Projetos, Ações, e Metas mobilizadoras do Governo deverão ir ao
encontro deste planejamento de tal forma que otimizaremos recursos e encurtaremos
caminhos para atingir nossos objetivos com um novo modelo de desenvolvimento
fundamentado cientificamente e amparado por ferramentas eficazes de acompanhamento
e avaliação da execução das políticas públicas.