quarta-feira, 2 de setembro de 2015

UNIVERSIDADE DA SINGULARIDADE

  Por. Prof. Dr. Sofiane Labidi


A convergência e o desenvolvimento exponencial das novas tecnologias conduzirão,em um futuro muito próximo,à emergência de um mondo completamente transformado.Nesse contexto surgiu uma das mais polêmicas teorias da ficção científica: a singularidade tecnológica, ou a teoria da singularidade, ou simplesmente singularidade.
   A singularidade é um nome inspirado de um conceito famoso na ficção científica que apareceu na década de 50, e que se popularizou em 2005,após a publicação do livro do inventor e futurólogo Ray Kurzweil (hoje Diretor  de Desenvolvimento da Google) “The Singularityisnear” (a singularidade está próxima).  Porém, os princípios básicos da singularidade tecnológica já foram projetados nos anos 50 pelo matemático húngaro John von Neumann que é o pai da informática e que desenhou a arquitetura básica dos computadores modernos.
      O termo singularidade foi emprestado da física para designar fenômenos tão extremos que as equações não são mais capazes de descrevê-los como os buracos negros, etc.Ou seja, singularidade é um nome que é usado para exprimir tudo o que está além da nossa capacidade de cognição e previsibilidade.
       A singularidade se refere a um estado no desenvolvimento da história da humanidade aonde chegaremos a uma aceleração tão intensa da transformação e da mudança causada pelos impactos das novas tecnologias e que nos levarão a um ponto de não-retorno (ou ponto de não volta, chamado também de ponto da ruptura).
     É a ruptura entre dois mundos: o mundo atual e um novo mundo que alcançaremos graças ao desenvolvimento das ciências exponenciais chamadas de NBCI: Nanotecnologia, Biotecnologia e Inteligência Artificial (ou Inteligência Computacional).  Essas tecnologias estão evoluindo cada vez mais aceleradamente, se integrando entre si e mudando rapidamente a nossa realidade.
Assim, esta revolução (ruptura) será baseada no desenvolvimento de uma super inteligência onde as máquinas (computadores, robôs, etc.) se tornarão tão inteligentes que eles ultrapassarão a soma de todas as inteligências humanas.
    A estimativa da Google é que este ponto de ruptura, chamado singularidade, acontecerá entre 2029 e 2045.  Outros gurus da ciência estimam que este momento chegará até 2140.  Será, portanto, o inícioda dominação da inteligência não biológica (ou artificial) criada,pós esta super inteligênciaserá miliares de vezes mais poderosa de que toda a inteligência humana atual.
     Na realidade, o salto das tecnologias exponenciais não é algo novo.  Destaca-seseis épocas onde acontecerem transformações importantes: (1) aparição das primeiras estruturas atômicas baseadas nas leis da física e da química,  (2)  formação do DNA:cas informações do código genética passarem a ser organizadas e replicadas,  (3) surgimento do cérebro (modelo mental),  (4) surgimento das máquinas,  (5) a singularidade: fusão e coordenação  homem-máquina que permitirá que a inteligência e a criatividade humana ultrapassem os limites do cérebro humano, e  (6) grande transformação: onde os padrões de energia e matéria serão substituídos por uma espécie de inteligência universal.
       A singularidade irá introduzir mudanças tão profundas na sociedade que os indivíduos do mundo atual (mundo antes da singularidade) não poderão nem apreender nem fazer predição.
     Além disso, a maioria das pessoas pensa de forma linear e a nossa sociedade também é linear.  Entretanto, as nossas tecnologias são exponenciais.  Isto criará um vaco enorme causando sérios problemas, mas também oportunidades.
      Pensando em gerar tais oportunidades e em preparar a sociedade humana e o mundo para a este ponto, a Google e a Nasa se unirem em 2008 e criarem a Universidade da Singularidade (US).  Esta universidade, diferente de todas as outras, ensina e prepara a sociedade sobre as tecnologias exponenciais(NBCI) e sobre o que está vindo por aí, com base no modelo exponencial da evolução tecnológica.
    A US é patrocinada pela Google e instalada no parque tecnológico da Silicon Valley nas dependências da NASA no NASA Research Park Campus.  Ela foi fundada por Ray Kurzweil e Peter Diamondis.Atualmente, a US está estendendo suas atividades para Europa ao se instalar em Paris neste segundo semestre de 2015.
    A US é um centro de pesquisa e de educação sobre as tecnologias de ruptura (os NBCI).O objetivo é de formar novos lideres como empreendedores e pensadores para a sociedade na direção em que o mundo está indo e está precisando:tecnologias exponenciais e o potencial ascendente da tecnologia com foco nos problemas potenciais da humanidade:  Energia, Poluição Saúde, etc.
   Inicialmente, a US dará ao aluno uma visão geral das tecnologias exponenciais – lhe dando uma amplitude na sua formação.  Oitenta por cento do currículo eh focado no que vai acontecer no futuro, e é atualizado semestralmente.A instituição oferece cursos em dez áreas do conhecimento: Estudos do Futuro; Redes e Sistemas de Computação; Biotecnologia e Bioinformática; Nanotecnologia; Medicina e Neurociência; Inteligência Artificial, Robótica e Computação Cognitiva; Energia e Sistemas Ecológicos; Espaço e Física; Política, Leis e Ética; e Finanças e Empreendedorismo.
    A US está investindo nas pesquisas para um mundo onde termos fusão entre o homem e máquina.  Os avanças das pesquisas sobre reprogramação de DNA e os robôs submicroscópicos reparadores de células permitira a cura das doenças.  O envilecimento é considerado um doençacurável e em breve estima-se que os homens chegarão saudáveis aos 150 ou mais anos.  No Império Romano, a expectativa de vida era 23 anos; em 1900, era 33; hoje, é de 76 anos.  De fato, compartilhamos 90% do genoma dos ratos, cuja idade normal já se conseguiu multiplicar por dois ou por três.  Poderemos também encontrar uma forma de aumentar a eficiência do nosso cérebro ou de nos ligar a computadores para unir a nossa criatividade à capacidade de processamento deles, etc.
      Seremos capases de criar novas células para o coração a partir dasncleulas da pele e de introduzir essas novas células no sangue.  Gradativamente, as células do oração serão substituidas por essas células novas e consequentemente teremos um novo coração regenerado com seu propro DNA.
Graças aos avanços das NBCI teremos a possibilidade de criar máquinas capazes de se fundir a sistemas orgânicos e estender as nossas capacidades ou realizar serviço.
Enfim, as possiblidades são gigantescas e nosso mundo será outro.  Mas há uma questão importante a refletir, é como podemos imaginar o que esta supra inteligência é capaz de fazer?  Como será o controle de nosso mundo? e a questão ética?
    Ao ver como o mundo da ciência está avançando, temos a obrigação de repensar nossa sociedade.  É lamentável de ver que estamos nos afastando cada vez mais do bonde tecnológico e educacional ao nos agarramos a modelos arcaicos de gestão e de desenvolvimento da ciência e das nossas universidades.

terça-feira, 5 de maio de 2015

DESAFIOS DA UFMA

Por Prof. Dr. Sofiane Labidi
   Para muitos, a universidade é fundamentalmente um espaço para transmissão do conhecimento no intuito de formar recursos humanos.  Durante muitos anos, o Ensino era considerado a função preponderante da universidade.  A Pesquisa e a Extensão foram incorporadas gradativamente e fazem parte da história recente da universidade brasileira.
   Creio que a visão clássica de hoje que restringe a universidade a uma entidade desenvolvedora do tripé ENSINO – PESQUISA – EXTENSÃO deixa de ter sentido a partir do momento em que nós não sabemos para quê serve este Ensino?  Para quê serve o conhecimento gerado?  e qual será o papel dos milhares de profissionais que colocamos no mercado a cada ano?
   O distanciamento observado entre a universidade e seu entorno: sociedade, meio empresarial, meio industrial e meio governamental está colocando em xeque este modelo e o papel da universidade na sociedade.  Esta visão está se tornando caduca, principalmente porque tanto o ensino, como a pesquisa e a extensão não estão amplamente voltados para sociedade.
    Ao analisarmos o contexto e o cenário maranhense, deparamos em uma realidade alarmante, pois, apesar de ser um estado potencialmente rico, com uma abundância de recursos naturais e uma localização estratégica invejável, o Maranhão apresenta os piores indicadores sociais e econômicos da federação.  É inadmissível que, em pleno século XXI, mais de 20% da polução maranhense ainda é analfabeta.  Além disso, o Maranhão detém os piores índices de mortalidade infantil, baixa expectativa de vida, baixo Índice de Desenvolvimento Humano –IDH, baixa produtividade, baixo Produto Interno Bruto -PIB, Baixos índices educacionais, alto índice de pobreza, alto índice de violência, alto índice de desemprego, etc.
Diante deste cenário perverso, e como professor e pesquisador da Universidade Federal do Maranhão -UFMA, me pergunto: qual é a nossa parcela de responsabilidade nisso?  Qual deva ser o grau de nossa preocupação com este cenário?  O que estamos realmente fazendo para reverter este quadro?  Enfim, qual é, de fato, o papel da universidade na sociedade?
  Estamos em pleno século XXI, vivemos na nova era da globalização, da tecnologia, do conhecimento, da competitividade, da inovação, e da mudança.  Neste contexto, qual é o papel da academia neste novo contexto e na sociedade?
Nossa universidade detém a maior concentração de inteligências no estado com mais de 80% de seus mestres e doutores. Infelizmente, apesar deste potencial extraordinário, o Maranhão continua o pior da federação.  Ao olharmos ao redor da nossa universidade o que observamos é muita pobreza e descaso!  E o pior, estamos bem acomodados no nosso ninho.  A universidade está desconectada da realidade e pouco impacta a sociedade.
    Não podemos negar a importância da universidade como uma instituição de papel fundamental a formação dos acadêmicos lhes proporcionando um importante crescimento profissional e pessoal.  Porém, este papel não é determinante, pois qualquer instituição acadêmica de qualquer escala e em qualquer local pode cumprir este papel.  A UFMA, pelo potencial que tem e pelo montante de recursos que recebe, não pode se limitar a esta função.  Acredito que nossa querida universidade tem uma responsabilidade social bem maior e deva de fato impactar a sociedade.  Formar é a função básica da nossa universidade, que deve ser fortalecida e desempenhada com qualidade e excelência.  Entretanto, nós não podemos se limitar a esta função.
    Nossa academia tem um débito muito grande perante a sociedade.  A UFMA ainda não casou com o Maranhão.  Precisamos nos reconciliar com os trabalhadores, com o homem do campo, os movimentos sociais, o setor produtivo, o empresariado, as comunidades carentes, e as diferentes classes sociais.  Estes segmentos reúnem as condições para quebrar o ciclo perverso do atraso e retomar as bases do verdadeiro desenvolvimento que deve ser baseado no conhecimento.
    Acredito muito no nosso potencial, que hoje se encontra subestimado e sub explorado, e na nossa força em contribuir efetivamente com nosso estado, um estado tão carente e tão necessitado da contribuição de suas inteligências.  A universidade não está cumprindo o papel que deveria ser o seu.  Ensinar, formar é o mínimo que nossa instituição possa oferecer.  Precisamos ser mais corajosos, mais audaciosos, mais atuantes e mais envolvidos no dia-a-dia da nossa sociedade.Precisamos caminhar para uma universidade moderna, inclusiva, aberta, inovadora e transformadora da sociedade onde ela está inserida.
     A universidade, que é uma das células mais importantes da sociedade, encontra-se em um momento crucial de sua existência.  A instituição acadêmica está enfrentando os desafios do século, além disso, sua responsabilidade perante a sociedade está aumentando a cada dia.  Porém, sua estrutura arcaica e engessada e sua inercia estão travando seu avanço e colocando em xeque seu papel na sociedade.
    A inovação é o motor da evolução da sociedade e a educação é seu fundamento.  A inovação passa, em primeiro lugar, pela geração de conhecimento que a universidade sabe fazer muito bem e em segundo lugar pela transformação do conhecimento gerado em riqueza.  Isto passa pela interação com a sociedade e com a empresa.  É principalmente neste segundo aspecto que estamos pecando.  Precisamos se aproximar da indústria e da micro e pequena empresa.  Precisamos criar as condições para explosão do potencial da academia ruma a uma universidade moderna, inclusiva, inovadora, aberta, e transformadora da sociedade. A UFMA precisa de um novo modelo de Gestão para se modernizar e se preparar para enfrentar os novos desafios da era da mudança e do conhecimento.

terça-feira, 28 de abril de 2015

A UFMA PEDE SOCORRO!

Por Prof. Dr. Sofiane Labidi
     A dezoito anos no poder (dez anos na direção do hospital universitário e oito anos na reitoria), a cúpula da atual administração superior da UFMA sonha e planeja perdurar ainda maisum bom tempo no seu reinado.
     Direito legitimado assegurado deles, se não fosse pela práticada máxima bolchevista “os fins justificam os meios”.        Para isto, tudo é permitido: uso da máquina na campanha, campanha antecipada, ferimento à democracia ao nomear um conselho universitário pró-tempore que, por via de regra, devia ser eleito, a prática da perseguição, intimidação, e a difamação, e por ai vai.
      Tudo isto em nome de uma gestão histórica e revolucionária.Algumas pessoas estão de queixo caído ao ver as melhorias infra estruturais e a maquiagem feita na Ufma.  Convido essas pessoas a visitarem universidades aqui mesmo do nordeste como UFPI e UFPA por exemplo(as federais do Piauí e do Pará). Senhores, estamos longe de chegar perto!
    Na realidade, a maioria não sabe que a UFMA, a exemplos da maioria das Universidades Federais, jamais recebeu tanto recurso e apoio na sua história.  Mérito dos Governos Lula e Dilma.  Que a justiça seja feita!  Além disso, devemos ressaltar o empenho da nossa bancada de deputados e senadores em Brasília que assegurarem bastante recursos para a nossa querida universidade.  Todos, sem exceção, participarem deste esforço.  São cerca de 100 milhões de reais só em 2014 para que se tenha ideia.  Infelizmente, pouca gente sabe disso.
     Com tanto recurso, devíamos fazer muito mais pela UFMA.  Infelizmente, esse esforço não foi acompanhado por uma melhoria no tripé Ensino-Pesquisa-Extensão e a nossa universidade encontra-se hoje no pior momento de sua história.  Prova disso são os indicadores de qualidade da UFMA queestão despencando seguindo os dados do MEC.Por exemplo, enquanto as universidades de todo o pais estão investindo na educação a distância (EAD), a UFMA que chegou a ter cerca de 15.000 alunos em Educação a Distância, hoje não passa dos 3.000 alunos.  Os campi do interior estão sofrendo com a falta de transporte, de moradia, de restaurante, et.
    O descompromisso com quem faz a alma da universidade que são seus alunos, professores e técnico-administrativos é alarmante.  Falta diálogo, falta respeito, falta aproximação.  A UFMA de hoje é uma caixa preta que necessita de modelo de gestão participativo e eficaz.  Tudo é centralizado na figura do reitor o que inviabiliza o funcionamento da instituição.  As pró-reitorias não têm autonomia para gerir os recursos.
     A insatisfação é muito grande tantos dos alunos como dos professores e dos técnicos administrativos.  Vamos salvar a Ufma Este gigante adormecido, precisa ser acordado.
     Nas minhas falas, sempre ressaltei a dimensão extraordinária da UFMA e sua importância para o Maranhão.  A UFMA é cheia de competências e talentos. A UFMA gera conhecimento de qualidade: monografias, dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos publicados em periódicos, etc.Infelizmente, esse conhecimento gerado fica nas prateleiras e está sub utilizado.  Isto não é a culpa do pesquisador, mas sim da falta de uma verdadeira política institucional para transformação deste conhecimento gerado em inovações, patentes, royalties, políticas públicas, etc.
      Estamos propondo a criação da Agência UFMA de desenvolvimento, a exemplo da Inova da Unicamp, que se encarregará disto e da interação Universidade-Empresa.  O conceito do “Conhecimento Útil” é aproveitamento do conhecimento gerado na academia em pró da sociedade e do desenvolvimento.  Difamar minha fala e espalhar nos blogs que estou dizendo que os pesquisadores da Ufma fazem pesquisas inúteis é um descompromisso com a verdade e só é prova do desespero do grupo no poder que está assistindo o seu castelo desmoronar.
   Em pleno século XXI, essas práticas desrespeitam a nossa universidade e não conduzem com a ética e a cidadania.  A UFMA está pedindo mudanças.  A Ufma está pedindo novos ares, um novo modelo de gestão moderno, e um novo olhar sobre seu papel na sociedade.

    A nossa fé é muito grande.  Vamos salvar a Ufma, vamos lutar por uma universidade democrática, inclusiva,moderna, inovadora, e que busca estar em um patamar de excelência, garantindo-lhe o status da maior e melhor Universidade do Nordeste e uma das mais conceituadas do Brasil.

domingo, 19 de abril de 2015

COOPERATIVISMO

Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi

       O capitalismo é um Sistema que sabe gerar riqueza, porém não sabe distribuí-la.  O Comunismo e o Socialismo sabem distribuir riqueza, mas não sabem gerá-la.  Entretanto, o Cooperativismo é o único Sistema econômico que sabe fazer as duas coisas: gerar riqueza e distribuí-la.
       Cooperativismo significa a união de pessoas para criação de riqueza sob uma base de gestão democrática e a distribuição desta de uma forma equitativa.  Uma cooperativa é uma associação autônoma de pessoas (acima de 20) que se juntem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e/ou culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida.
       Forte de valores como equidade, solidariedade, gestão compartilhada, valorização e priorização do capital humano em detrimento do capital financeiro, distribuição, e sustentabilidade, o Cooperativismo é muito mais que um negócio, é uma filosofia capaz de unir desenvolvimento econômico e bem estar social.  É um modelo alternativo que combina produtividade e responsabilidade social e que busca uma sociedade próspera, mais justa e mais humana.
        O cooperativismo é um movimento que gera hoje qualidade de vida para mais de um bilhão de cooperados no mundo.  Este número é muito superior aos 328 milhões de acionistas de empresas de capital.  O cooperativismo emprega atualmente mais de 100 milhões de pessoas.  Nos Estados Unidos, a população cooperativista é de 120 milhões de pessoas.  No Brasil, segunda a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), existem hoje no país cerca de 6.700 cooperativas com mais de 9 milhões de associados e cerca de 300 mil funcionários.  As cooperativas atuam em 13 segmentos diferentes.          Porém, um pouco menos da metade das cooperativas brasileiras atuam nos setores de agropecuária e de crédito congregando 4 milhões de associados de um total de 9 milhões.  No Maranhão, há cerca de 600 cooperativas.  Porém, apenas 50 delas têm suas documentações em dia.
Para apreendemos a importâncias das cooperativas em relação aos bancos, basta observemos, por exemplo, o desempeno dos bancos.  De acordo com dados do Banco Central (BACEN), as 76 agências bancárias instaladas em São Luís lucrarem de janeiro de 2010 a junho de 2011 (18 meses) 692 milhões de reais.  Infelizmente, este dinheiro tem achado seu paradeiro nos grandes centros financeiros do País, deixando a comunidade ludovicense e a economia local carente de recursos para o desenvolvimento de suas atividades.
     Em nível nacional, apenas nas regiões Sudeste e Centro-oeste que o volume das captações dos bancos é menor que o volume dos investimentos (empréstimo, financiamentos, etc.).  Isto mostra que tais regiões recebem recursos externos vindo das outras regiões.  No Maranhão, o superávit total das 276 agências bancárias do estado é de 317 milhões (2011)
    Diferentemente do sistema bancário, o cooperativismo é um mecanismo que proporciona que os recursos fiquem nos municípios e beneficiem seus titulares.  As cooperativas de crédito, por exemplo, é um importante mecanismo para implementar ações que promovam a inserção de comunidades carentes na cadeia produtiva e fomentar portanto o crescimento econômico.  Suas vantagens são enormes, pois a cooperativa de crédito é dirigida e controlada pelos próprios cooperados, todos os associados têm acesso ao crédito sem distinção, e com menor custo operacional em relação aos bancos, menor taxa de juros nas operações de crédito, menores tarifas de prestação de serviços, menos impostos e tributos, e maior rendimento nas aplicações financeiras.  A concessão do crédito é imediata e sem burocracia, o atendimento é personalizado, a aplicação dos recursos é feita na própria classe e as sobras e excedentes são distribuídas entre os cooperados.  Além disso, as cooperativas têm um fundo de assistência aos cooperados e um fundo de reserva.
   Ficou comprovado que as cooperativas exercem um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social de centenas de milhões de pessoas pelo mundo.  Portanto, cabe a todos: governos, cooperativas e as organizações representativas do setor de encontrar as formas de dar ênfase à decisão da ONU.  As universidades precisam contribuir, por exemplo, criando cursos relacionados como o de “Gestão de Cooperativas”, etc.
As secretarias de trabalha e renda devem dar mais importância a esta ferramenta extraordinário de combate à pobreza e à desigualdade.  O SEBRAE e a FIEMA podendo também ter um papel fundamental no fortalecimento do setor.  Salientamos ainda a bela inciativa da Associação Comercial do Maranhão que, no ano internacional do cooperativismo e quadricentenário de nossa querida São Luís, está instalando a cooperativa de crédito dos empresários do Maranhão.  Também, a Organização das Cooperativas do Estado do Maranhão (OCEMA) e os órgãos municipais competentes pelo esforço na definição e implantação da Política Municipal de Cooperativismo.
       Devemos sensibilizar sobre a importância desta ferramenta econômica e social, e de promover a criação e o desenvolvimento desse modelo que, nos últimos anos, vem atraindo o interesse tanto dos economistas como dos empreendedores.
    Precisamos entender que há milhares de maneiras de fazer negócios e que necessitamos trabalhar juntos de forma cooperativa.  Fica aqui registrada a nossa homenagem e nosso reconhecimento do papel fundamental das Cooperativas na promoção do desenvolvimento socioeconômico de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo e parabenizamos a categoria pelo ano internacional do cooperativismo.

sábado, 11 de abril de 2015

CIÊNCIA, ACADEMIA, E DESENVOLVIMENTO

   
Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
    O futuro da humanidade passa pela ciência. Cada vez mais, nosso mundo está dependendo do conhecimento e de sua aplicação.  A ciência é a descoberta e geração de novos conhecimentos fruto da pesquisa científica.  A ciência é reconhecida também como o “método de pensamento e de ação”.  O método é o caminho; o pensamento é a ideia ou a abstração; e a ação é o visível ou o concreto.
   Graças à ciência, usufruímos hoje da energia elétrica, água tratada, vacinas e remédios contra as doenças, celulares, Televisões, etc. colaborando assim consideravelmente com o progresso da humanidade.  O futuro da nossa gente está atrelado ao conhecimento.
   As revoluções científicas são grandes descobertas que, além de ampliarem o conhecimento existente, mudaram radicalmente nossa forma de ver o mundo e renovam nossos paradigmas.  Como exemplos de gente responsáveis dessas revoluções científicas, citamos: Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Isaac Newton, Charles Darwin, Max Planck, Albert Einstein, etc. A revolução de Nicolau Copérnico, no século XVI, por exemplo, derrubou a teoria que considerava a Terra como o centro do         Universo afirmando que nosso planeta gira em torno do Sol.
Entretanto, embora tais teorias sejam muito importantes, nenhuma delas rivaliza com o impacto da revolução quântica.  A mecânica ou física quântica é o estudo dos sistemas físicos em uma escala muito pequena (10-10) nas camadas atômicas e subatômicas: átomos, elétrons, prótons, pósitrons, etc. em oposição à mecânica clássica de Newton.
   Devemos ter uma visão quântica do nosso universo e não uma visão clássica.                 Devemos acreditar que o homem é o centro do universo e que a ciência é seu grande aliado.
    Precisamos entender que a ciência é a grande responsável pelo desenvolvimento social, político, econômico de uma nação, de uma região, de um estado, de uma cidade.  Sem a ciência, seremos, eternamente, meros copiadores de modelos, e continuaremos dependentes para sempre.
      A ciência tem que ser popularizada e a educação tem que ter prática, pois não existe ciência sem a prática científica.  Infelizmente, estamos focando muito mais a quantidade de que a qualidade.
  É preciso mudar o paradigma e reconhecer que é com o conhecimento, empreendedorismo, e inovação que iremos crescer e esperar um futuro melhor.
   Quando falo de conhecimento, me refiro à necessidade de uma educação de qualidade focada nas reais necessidades da nossa gente.  O princípio do “conhecimento útil” que infelizmente é pouco entendido e colocado em prática por nossa academia.
  Quando falo de empreendedorismo, me refiro à importância da empresa no tecido econômico e social, pois ela é a grande responsável pela geração de emprego e de riqueza no estado e no país.
  Quando falo de inovação, me refiro à importância da criatividade e da pesquisa científica que é transformada em riquezas.

   Sem dúvida, a Agenda do futuro é a agenda da formação, do conhecimento, da ciência e da inovação.  Vamos dar aos nossos jovens as condições para produzir ciência, riqueza, e crescimento.  Vamos investir no conhecimento útil e intensificar o aporte da ciência e da tecnologia na nossa estratégia de desenvolvimento.  A nossa academia precisa sair de sua zona de conforto e do atraso e assumir seu verdadeiro papel na sociedade i.e. nossa academia precisa ser um verdadeiro elemento de transformação da sociedade.  Viva a Ciência aliada do cidadão e do progresso.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

CONHECIMENTO E INOVACAO


     
       Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
      Considero a “empresa” a célula mais importante da sociedade e seu principal motor de desenvolvimento.  Isto porque, além das suas responsabilidades sociais, a empresa tem grandes capacidades de geração de trabalho e renda e é evidente hoje o papel fundamental que as empresas têm na economia regional e nacional. 
   As Micro e Pequenas Empresas (MPEs) representam a grande fatia deste seguimento e são responsáveis por mais de 50% dos empregos gerados no país tendo assim uma grande influência no fortalecimento das economias locais.
      A globalização da economia quebrou todas as barreiras e colocou as empresas em competição aberta diante de um mercado heterogêneo e muito dinâmico aumentando as ameaças às empresas locais, regionais e nacionais.  Uma empresa Maranhense, por exemplo, está em competição direta com empresas chinesas, francesas, norte americanas; etc.  Assim, a competitividade do Maranhão passou a depender da capacidade de valorização de seus recursos locais no mercado global.
      Portanto, está em jogo a sobrevivência das empresas e a estratégia para enfrentar este desafio é a inovação tecnológica.  No mercado globalizado, a competitividade está dependendo, cada vez mais, da capacidade da empresa aprender e inovar.  Os esforços deverão logo se concentrar na implantação e manutenção, na empresa, de uma estrutura própria de Aprendizagem Organizacional e de Pesquisa,      
      Desenvolvimento e Inovação -PD&I para desafiar esta nova realidade competitiva.  A inovação passou a ser um elemento estratégico e motor do crescimento econômico sustentável, pois aumenta a produtividade e a competitividade, e cria mercados.
      Não devemos observar a inovação como algo complexo, concentrado na alta tecnologia e envolvendo grandes investimentos.  A inovação pode ser realizada por qualquer empresa, qualquer que seja seu tamanho e seu orçamento e em qualquer nível: no produto, no processo, no serviço, ou em ambos; no estratégico, no tático, ou no operacional.
      Uma pequena panificadora de São Paulo, para enfrentar a forte competitividade das redes de supermercados, inovou implantando uma central de produção de pães congelados.  Isto permitiu a expansão da empresa que, em pouco tempo, aumentou de oito vezes o seu faturamento, inaugurou duas novas filiais, e quadriplicou o número de seus funcionários.  Esta é uma inovação técnica de processo que exigiu da empresa pesquisa para desenvolver um conhecimento tecnológico necessário para leitura de código de barras e para o próprio processo de congelamento.
      Os desafios mudaram e as inovações tecnológicas decorrentes do conhecimento e da pesquisa sistemática já dominam a nova economia.  Para ilustrar esta mudança, basta observar que na área da agricultura, por exemplo, não é preciso ter apenas água, terra, e sol para ser competitivo; existem hoje os grãos geneticamente modificados que têm um grande valor agregado e que são resultados de pesquisas inovadoras.  Isto mostra a importância do conhecimento como fator estratégico das empresas, capaz de gerar vantagens competitivas e diferenciais de mercado.
      As organizações estão se esforçando cada vez mais em criar, armazenar, transferir e aplicar o conhecimento.  No Maranhão, poucas empresas exercem algum tipo de ação para colocar a Inovação Tecnológica em prática.  Contudo, iniciativas interessantes surgiram como o programa “Inova Maranhão” da FAPEMA lançado no AmazonTech 2008, o SIBRAETEC e os Agentes Locais da Inovação do SEBRAE Maranhão, os programas de Inovação da FIEMA, a criação de Núcleos de Inovação Tecnológica nas nossas universidades: IFMA, UFMA e UEMA.  Entretanto, é preciso convergir tais iniciativas buscando elaborar uma Política Estadual da Inovação criando um Conselho Gestor e um Observatório da Inovação.
      Precisamos urgentemente de um marco regulatório para esta finalidade, Leis Estadual e Municipais da Inovação, Leis Estadual e Municipais do Bem e de Informática.  A Lei Estadual da Inovação é uma das exigências do Ministério de Ciência e Tecnologia –MCT que espera que todos os estados da federação tenham suas Leis estejam aprovadas e em funcionamento.  A Lei da Inovação deve estabelecer regras para o investimentos de recursos públicos Estaduais e Municipais em projetos de Inovação nas Empresas, regulamentar a participação de Pesquisadores em Projetos de Inovação Tecnológica nas Empresas e criar o Fundo Estadual/Municipal da Inovação garantindo assim subsídio para o investimento nesta área. Infelizmente, a Lei da Inovação do Maranhão foi desenvolvida pela Fapema e pronta deste o início de 2009, nunca foi encaminhada à Assembleia para aprovação.
          Precisamos também disseminar a cultura da inovação na nossa academia e junto com os nossos empresários, implantando a disciplina de Empreendedorismo em nossos currículos acadêmicos, encorajando a instalação de Empresas Juniores, e apoiando a criação da Rede Maranhense de Incubadoras de Empresas.
      Nossa academia precisa rever seu papel na sociedade e se abrir para o mundo externo, trabalhando de forma eficiente o tripé Ensino-Pesquisa-Extensão com foco na Inovação.  Precisamos também encontrar mecanismos para fortalecer a interação Universidade-Empresa.  Isto é fundamental para o sucesso da implantação de uma Política de Inovação no Estado além de sensibilizar e capacitar nosso empresário no uso das tecnologias e na busca contínua por inovações.
Para consolidar tais iniciativas, precisamos urgentemente consolidar um Parque Tecnológico no Estado.  O Maranhão é, hoje, o único Estado do Nordeste sem ter um Parque Tecnológico instalado no seu território.  Estados como São Paulo, por exemplo, tem quinze Parques Tecnológicos.  A instalação de um Parque Tecnológico no Estado atrairá grandes  investimentos do setor privado além de incentivar a instalação no Maranhão de grandes empreendimentos.  O Parque deve implantar um Centro de Transferência de Tecnologia e de Negócios e contemplar áreas estratégicas para o estado como um Polo de Biotecnologia, um Polo de Software, um Polo de Biocombustíveis e Energias Renováveis, um Polo Aeroespacial, um Polo de Agronegócio, Incubadoras de Empresas, etc.
       É neste quadro de orientação que deve se inscrever nossa abordagem prospectiva da implantação do Parque Tecnológico do Maranhão, buscando assim a emergência de um clima de Pesquisa propício à Inovação Tecnológica e consequentemente à melhoria da competitividade econômica do Estado e à geração de trabalho e renda transformando conhecimento em riquezas que beneficiam todos os maranhenses.

segunda-feira, 23 de março de 2015

ÁGUA E PAZ COM A NATUREZA

Celebramos hoje o Dia Mundial da Água.  O Brasil é o país com maior volume de água doce do mundo.  Temos 12% da água doce superficial do mundo. Temos o Amazonas que é o rio mais volumoso do mundo, e temos chuva abundante em 90% de nosso território com exceção do Semiárido.  Temos a maior reserva de água do planeta.  Infelizmente, apesar disto, vivemos hoje uma das maiores crises hídrica da história.

É, sem dúvida, um momento extremamente delicado e é muito importante para nós refletimos e conscientizamos sobre a necessidade da preservação do líquido mais precioso de nosso planeta.  Durante muitos anos usamos e desperdiçamos muita água sem a mínima preocupação.  Sem a água, a vida não existiria.  Seres humanos, animais, e plantas, todos precisam da água para viver e crescer.
A água para o nosso planeta é como o sangue para nosso corpo.  A exemplo do sangue que leva os nutrientes, oxigênio, etc. para as células do organismo em todos os tecidos do corpo, a água transporta os nutrientes para os milhares de organismos vivos na Terra.  Da mesma forma que aproximadamente 70% da superfície da terra é composta por água, 70% de nosso corpo é também constituído por água, tendo o sangue seu principal distribuidor.  Mais de 80% de nosso sangue é constituído de água facilitando assim a irrigação e alimentação de nosso corpo.
A água é um dom da natureza.  Ela existe nos três estados: líquido, sólido e gasoso, dependendo da temperatura ambiente.  Sua abundância no nosso planeta contrasta com o fato que menos de 3% de toda água é doce; o resto (97%) é água salgada, imprópria ao consumo.  Pior ainda, menos de 1% desta água é disponível para utilização, pois a maioria da água doce encontra-se nas geleiras nos dois polos ou nos subsolos muito profundos.  Estima-se que, em 100 litros de água neste planeta, apenas o equivalente a uma colher de chá é potável.  Tudo isto mostra a escassez da água potável, e encarece o acesso à água pelo homem.  É preciso lembrar que a água é um recurso muito limitado.  Além disso, ela é mal distribuída no planeta.
A convivência do homem e da água é muito antiga.  Ao longo da história, o homem aprendeu a usar a água em seu favor para plantar, criar, gerar energia, etc.  O homem sempre procurou morar perto dos rios para obter água potável, facilitar a irrigação, gerar energia, etc.  A água foi também fundamental na revolução industrial permitindo o surgimento da roda d´água (roda de Burden), a máquina a vapor, as usinas, refinarias, hidrelétrica, etc.
Com o aumento da população mundial, o crescimento da produção industrial, e a falta de políticas públicas de sustentabilidade ambiental, o problema do acesso à água está se tronando cada vez mais preocupante.  De fato, para produzir um quilo de papel, são usados 500 litros de água; para fabricar uma tonelada de aço, são necessários 260 mil litros de água, etc.  Enquanto a recomendação da UNESCO é de um consumo médio de 120 litros individual por dia, uma pessoa chega a gastar cerca de 500 litros de água por dia.  Realmente, o desperdício é muito grande.
A escassez da água é hoje um fenômeno mundial, e se nenhuma providência é tomada, estima-se que em 2050, a metade da população mundial não terá acesso à água o que levará a muitos conflitos entre os povos.
A falta de água está se agravando cada vez mais por inúmeras razões: a impermeabilização do solo resultando do asfaltamento e da edificação impede a infiltração da água da chuva no solo e consequentemente, prejudica o processo da recarga dos lençóis freáticos.  Recentes pesquisas mostram que as mudanças climáticas irão agravar até 40% a falta d’água no planeta.
Entretanto, a causa mais importante é a poluição fruto do descuido do homem.  Se um rio é contaminado, a população inteira sofre as consequências.  O lixo é jogado nos rios, no mar, nos lagos, sem nenhum tratamento, matando os peixes e a vida.  Um rio poluído é sujeito à morte.  Estima-se que, nas capitais brasileiras, apenas 17% das indústrias tratam seus esgotos e que 83% jogam nos rios todo lixo produzido.  No Maranhão, uma universidade como a UFMA que deve mostrar o exemplo, está jogando o seu esgoto no Rio Bacanga, sem nenhum tratamento, algo inadmissível, inimaginável, e não conduz com a missão que deva ter uma academia.
A atividade agrícola também é muito poluidora de água.  Os agrotóxicos e os pesticidas são muito prejudiciais, pois, carregados pela água da chuva, penetram o solo e atingem os lençóis freáticos ou são levados para os rios e mananciais.  Isto nos alerta cada vez mais sobre a importância da agricultura orgânica.
A água poluída pode causar doenças como cólera, febre tifoide, disenteria, amebíase, etc.  Apesar disto, mais de 30% da população brasileira não tem água encanada e nem saneamento básico.
O consumo de água cresce a cada dia, porém a quantidade de água disponível para o consumo no planeta é a mesma.  Algumas soluções estão sendo adotadas para obtenção de água potável como a dessalinização da água do mar, derretimento geleiro, etc.
A água é o melhor amigo da nossa saúde, forma física, e beleza.  A nossa sobrevivência depende de nossa capacidade de usar e de cuidar desta riqueza.  Devemos acabar com o desperdício de água.  Mudar nossos hábitos, nossos costumes nossa forma de lidar com a água no quotidiano: fechando a torneira ao escovar os dentes, reaproveitando a água de uso doméstico, economizando água tratada, utilizando menos detergentes, jogando o lixo no lugar apropriado, entendendo e respeitando o ciclo e o fluxo da água, plantando árvores, denunciando as empresas poluidoras, denunciando ocupações clandestinas que estejam despejando esgoto e lixo nos mananciais, etc.
Precisamos também cobrar a implantação de leis de proteção ao meio ambiente e contra as poluições a exemplo da Lei “Cidade Limpa” de São Paulo.  Projetos de perenização dos rios, e a construção de barragens são ações concretas que devem ser levadas a sério.
É preciso realizar estudos aprofundados sobre as bacias hidrográficas e o fluxo das águas das nossas cidades.  Esses estudos devem ser levados em consideração no planejamento das cidades, pois não podemos continuar a desafiar a natureza construindo nos lugares errados e asfaltando nos lugares errados.

Contudo, necessitamos principalmente de educação.  Uma educação que nos leva ao estabelecimento da consciência ecológica, para uma convivência em harmonia com a natureza, e para uma verdadeira solidariedade entre os seres humanos.  Precisamos cuidar deste bem valioso que a natureza nos deu.  Precisamos ter paz com a natureza e nos preocupar de vez com nosso planeta.

segunda-feira, 16 de março de 2015

TIME MACHINE

Por Prof. Dr. Sofiane Labidi

Uma das ideias mais fascinantes da ficção científica é a noção de viajar através do tempo: voltar ao passado e ir ao futuro.  Viajar no tempo tornou-se um tema popular de ficção científica, principalmente após a publicação do livro “A Máquina do Tempo” de H.G. Wells, em 1895.
Entretanto, durante muitas décadas viagens no tempo não pertenciam aos limites da ciência séria e respeitável.Mas, o conhecimento científico evolua ao longo do tempo i.e.o que é considerado verdade hoje, pode não ser amanhã, e vice-versa.
Por exemplo, há seis séculos,dominava a teoria do universo geocêntrico defendida pelo cientista grego Claudio Ptolomeu e pela Igreja, e que considera a Terra como o centro do Universo. Hoje, sabemos que a Terra não é sequer o centro do Sistema Solar.A Terra gira em torno de seu próprio eixo e do Sol. O Sol também gira em torno de um referencial na Via Láctea, que é a nossa Galáxia. O Sol é o centro de nosso sistema solar.  Existem milhares de Galáxias no Universo e todas giram também.Esse movimento que foi liderado por Nicolau Copérnico,e consolidado posteriormente pelo físico italiano Galileu Galilei, é chamado de heliocentrismo em oposição ao geocentrismo.
Da mesma forma, o tempo era considerado como absoluto e universal, i.e.igual para todos, independentemente das circunstâncias físicas. Mas, em 1905, Albert Einstein publicava a Teoria da Relatividade.  Na sua teoria, Einstein afirma que o tempo não é o mesmo para todos, ou seja, quando dois objetos se movem de maneiras diferentes um em relação ao outo, eles experimentam durações diferentes.  O tempo é portanto relativo dependendo do ponto de vista (relógio interno) de cada observador (objeto).
Isto é explicado no “Paradoxo dos gêmeos”.  Imagina dois irmãos gêmeos Maria e João.  João viaja para visitar um estrela distante, enquanto Maria permanece na Terra.  Se para João, a viajem durou um ano, quando ele voltar, ele descobre que dez anos se passarem na Terra e portanto João e Maria não têm mais a mesma idade.  Maria será 9 anos mais velha que João apesar dos dois terem nascidos no mesmo dia.  Esta variação é chamada “dilatação do tempo”.
No nosso dia-a-dia na Terra, nós não observarmos grandes variações porque este fenômeno de dilação do tempo só é sentido quando nós nos aproximamos da velocidade da luz.  Para as viagens em aviões comerciais aproximando onde a velocidade fica em torno dos 900 km por hora, a dilatação do tempo não ultrapassa alguns nano segundos, muito pouco para observar mudanças.  De qualquer forma, os relógios atômicos tem capacidade para registrar com precisão esta mudança mostrando que o movimento afeta o tempo.
Os raios cósmicos também apresentam saltos gigantescos no tempo. Essas partículas se movem em velocidades tão próximas da luz que, para o ponto de vista de seus relógios internos, atravessam a galáxia em alguns segundos, embora para a referência da Terra pareçam levar milhares de anos. Se não houvesse dilação do tempo, essas partículas nunca chegariam aqui. Mas, existe um outro fator importante que influencia na dilatação do tempo que é a gravidade que puxa a luz.
Assim, para Einstein, o tempo não é algo estático mas pode sim ser modificado.  Podemos nos deslocar para trás e para frente no tempo assim como o fazermos no espaço.  O tempo é apenas um tipo de espaço.  É a quarta dimensão.
Isto pode não estar tão longe a acontecer quanto se pensa!Para provar esta teoria, os cientistas estão construindo uma máquina do tempo.
Normalmente, pensamos que o tempo é uma linha reta, indo do passado para o presente, e para o futuro.  Se o espaço for torcido vigorosamente, então a linha do tempo vai se torcer dentro de um anel, eportantopodemos ir do futuro de volta ao passado.
De acordo com a teoria relativista, quando nos aproximamos da velocidade da luz, o tempo fica mais lento.  E se pudemos ir mais rápido de que a luz, aí o tempo poderia se reverter.Mas como poderemos fazer isso? 
A inspiração dos cientistas é de usar a luz.  A máquina do tempo deve ser baseada na luz.  Experiências estão sendo realizadas usando laser de alta energia para agitar o tecido do tempo dentro de um tubo.  A máquina do tempo seria pequena, bem pequena!
O que importa agora não é mandar seres humanos para o tempo.  Incialmente, podemos mandar partículas quânticas.  Assim podemos mandar informações para o passado.  Poderemos assim avisar a nós mesmos sobre desastres futuros e evitar catástrofes, etc.
Começamos assim a entender melhor o conceito do tempo a partir da teoria da relatividade.  A relatividade mudou radicalmente as bases da Física, alterando conceitos tão fundamentais como tempo e espaço.

Este é o primeiro grande passo rumo à concretização deste sonho que será realizado ainda neste século.  O Homem se deslocando através do tempo.  Isto é ciência, isto é simplesmente primoroso!

segunda-feira, 9 de março de 2015

MULHER E CIÊNCIA

         
Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
    Celebramos hoje, 8 de março, o centésimo quarto aniversário do dia internacional da mulher.  Este dia foi comemorado pela primeira vez em 1911 tendo como origem as manifestações realizadas no início do século XX pelas mulheres russas por “Pão e Paz”, e por homens e mulheres esclarecidos na Europa e nos Estados Unidos que reclamavam a igualdade dos direitos, melhores condições de trabalho, e o direito do voto para as mulheres. 
                O Dia homenageia de fato 129 mulheres queimadas vivas, em uma fábrica de tecidos em Nova Iorque, em 8 de março de 1857, por reivindicarem um salário justo e a redução da jornada de trabalho.
                O dia internacional da mulher foi oficializado pela ONU em 1977.  A ONU definiu também que a “igualdade de gêneros e a valorização da mulher” seja um dos oito objetivos de desenvolvimento do milênio (ODM) estabelecidos por ela em 2001.
               De lá pra cá, muito se conquistou.  A mulher de hoje é emancipada; ela ocupa cargos importantes que até então eram restritos aos homens.  A mulher é empresária, médica, pilota, engenheira, política, administradora, e recentemente o Brasil obteve sua primeira presidenta.
           Apesar desses avanços, a luta pela igualdade de géneros ainda não chegou ao fim.  É certo que a mulher obteve muitas conquistas; contudo, até hoje nenhum país no mundo atingiu a igualdade de gêneros.
Seguindo o Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2013 do Fórum Econômico Mundial, que analisou 136 países, nem a Islândia atingiu esta meta.  A Nova Zelândia é o primeiro país do mundo a conceder o direito do voto às mulheres, já em 1893, e ocupa hoje a 7ª colocação no ranking de igualdade de gêneros com um índice de igualdade de 78,1%.  Este ranking é liderado pelos países nórdicos, na sequência: Islândia, Finlândia, Noruega, Suécia, Irlanda, Dinamarca, e Suíça.  Esses países têm uma longa tradição na valorização e investimento no talento individual.  A única surpresa do ranking são as Filipinas que aparecem no 5o lugar.
          O relatório mostra o Brasil na 62ª posição com um índice de 66,5%.  O índice avalia quatro fatores-chave que medem a igualdade de gênero na sociedade: saúde, acesso à educação, participação política, e igualdade econômica.  O Brasil está muito bem nos quesitos de igualdade no acesso à educação, saúde, e expectativa de vida.  Porém, precisa melhorar muito para assegurar o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho e na vida pública.  De fato, por um mesmo trabalho, a mulher brasileira recebe apenas 54% do que é pago aos homens, e a renda média das mulheres é estimada em apenas 61% da renda média dos homens.  Mas, no quadro dos altos funcionários e na administração de empresas a participação feminina é um destaque.  Quanto ao voto, o Brasil celebra o dia da conquista do voto feminino em 24 de fevereiro, um direito adquirido em 1932.
      Hoje, cerca de 50% das mulheres em todo o mundo possuem empregos remunerados – um aumento de 40% em 20 anos. No entanto, essa proporção não se reflete na equidade salarial, com as mulheres ganhando em média 77% a menos do que os homens.  A ONU enfatiza a necessidade de estabelecer 2030 como a data limite para a disparidade de gênero.  A ONU se prepara para o 20º aniversário de adoção da Declaração e da Plataforma de Ação de Pequim – Pequim+20 -, o “projeto internacional” para a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.
      Se no quesito acesso à educação, a participação feminina melhorou muito, igualando e até ultrapassando a participação masculina em alguns países; a participação da mulher na ciência e tecnologia continua sofrendo dificuldades.
No entanto, a história de mulher na ciência é muito antiga.  Já no século I, Maria la Hebrea, uma química da Alexandria, deu uma grande contribuição às ciências biológicas ao inventar o famoso Banho Maria.  No século IV, uma mulher grega chamada Hipatia que vivia em Alexandria desenvolveu trabalhos interessantes nas áreas de matemática, astronomia, e filosofia ao ponto de influenciar o pensamento filosófico do século XVIII.  Na egípcia antiga, a Ísis inventou o processo de embalsamamento (cujo método continua sendo um mistério até hoje) e ensinou aos egípcios a agricultura, a navegação, e a astronomia.
        Para analisar a contribuição das mulheres nas diferentes áreas do conhecimento, tentei observar sua participação no Prêmio Nobel.  O destaque é de Marie Sklodowska-Curie, considerada a maior mulher cientista de todos os tempos.  Polonesa de origem, ela fez sua carreira científica na França e foi vencedora do Prêmio Nobel em duas oportunidades, de Física em 1903 e de Química em 1911.  Ela foi pioneira nos estudos sobre radioatividade e teve também sua filha Irene Joliot-Curie vencedora do Prêmio Nobel de Química em 1935.  Em homenagem ao seu trabalho, realizado em parceria com seu marido Pierre Curie, uma das mais famosas e brilhantes universidades parisienses leva seu nome até hoje: a Universidade Pierre et Marie Curie (UPMC, Paris 6).
Contudo, em mais de 100 anos de Nobel que foi criado em 1901, apenas 40 mulheres foram agraciadas com o prêmio, ou seja, menos de 10% do total dos premiados até hoje.  Nas ciências exatas, apenas duas mulheres ganharam o prêmio de Física (Marie Sklodowska-Curie e Maria Goeppert Mayer) e três mulheres ganharem o prêmio de Química (Marie Curie, Irene Joliot-Curie, e Dorothy Mary Crowfoot Hodgkin).  Não existe um Prêmio Nobel de Matemática, mas a participação feminina nesta área sofre os mesmos problemas.
          Historicamente, a ciência sempre foi vista como uma atividade masculina.  Áreas como a matemática, física e química, por exemplo, erram restritas aos homens.  Havia um preconceito que a mulher não tinha o QI suficiente para enfrentar tais áreas.  Isto reflete a pequena participação feminina nas comunidades destas áreas.  Basta observar o envolvimento das mulheres nesses cursos, nas equipes de pesquisa e nos congressos do ramo.  Durante muitos anos eles costumavam reunir centenas de homens e menos de uma dúzia de mulheres em média.
         Ao analisar algumas diferenças, cientificamente comprovadas, entre os dois sexos, observa-se que o cérebro do homem é geralmente 15% maior e 10% mais pesado, porém o da mulher tem mais conexões entre os neurônios e os dois hemisférios se comunicam mais efetivamente.  Os homens enxergam melhor a distancia e têm melhor inteligência espacial.  As mulheres têm uma melhor visão periférica além de melhor audição e olfato.  As mulheres têm também uma memória mais eficiente e um poder de processamento paralelo interessante.  Os homens são mais corajosos e mais competitivos, enquanto as mulheres têm mais capacidades de socialização.  As mulheres têm uma maior expectativa de vida; no Brasil a expectativa de vida é de 70,6 anos para os homens e 77,7 anos para as mulheres.  Os homens sofrem bastante com os infartos enquanto as mulheres têm mais problemas de depressão e osteoporose.
      É notório observar que a participação feminina nas atividades científicas vem crescendo a cada dia, principalmente após a segunda guerra mundial.  Nas universidades, os cursos tradicionalmente ocupados por homens como as engenharias e matemática, começam a ter uma massa crítica de mulheres muito importante.
      Assim, o auge da participação feminina no prêmio Nobel aconteceu em 2009, quando cinco mulheres se destacaram entre os treze vencedores.  É preciso, portanto, aumentar a participação feminina no meio científico e incentivá-la em suas atividades.
No Brasil, a maioria dos estados já tem uma secretaria para mulher onde se tenta implementar políticas públicas para emancipação da mulher.  Porém poucas focam o incentivo da mulher para a prática da ciência.  Em nível federal, foi criado em 2005 o Programa “Mulher e Ciência” pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o Ministério da Ciência e Tecnologia, e o Ministério da Educação.  Em nível mundial, existe, por exemplo, o Prêmio L’Oréal-Unesco “Mulheres na Ciência” que, no Brasil, é realizado em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
         Podemos afirmar que a mulher teve um papel importante na Ciência.  Apesar de timidamente, ela contribuiu para o avanço científico desde as civilizações antigas, mas elas não foram devidamente reconhecidas.
Realmente, precisamos valorizar muito mais este tipo de datas importantes, comemorá-los intensamente com grandes atividades e manifestações, e não os encarando-os como mais um feriado.

     Que Deus abençoe a todas as mulheres; Que a Ciência seja um elemento de transformação e de prosperidade para toda humanidade; e Que a Mulher continua dando sua contribuição para a sociedade.  Parabéns Mulher pelo seu dia, pela tua luta, e pelas conquistas.  Seja sempre Feliz!

segunda-feira, 2 de março de 2015

SMART CITIES

     Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
        No início do século 20, apenas 10% da população mundial era urbana. Atualmente, metade da população vive em cidade; e estima-se que, em 2050, esta proporção chegará a 75%.  Assim, se o século 19 era considerado o século dos impérios e o século 20 o século das nações, o século 21 está sendo considerado o século das cidades.

        A importância das cidades cresce ainda mais quando observamos que é na cidade que acontece a nossa vida, o nosso dia-a-dia.  É na cidade que são feitas as grandes interações, sociais, econômicas, culturais, etc.  Mas também, é o lugar onde há um crescimento das favelas, da poluição, do desemprego, do congestionamento no transito, da violência, etc.  Estudos mostraram que, a partir de um milhão de habitantes, as cidades tornam-se palco de grandes problemas difíceis de serem contornados.
       Além disso, o crescimento das cidades fez emergir as chamadas de megacidades.       São as cidades, ou metrópoles, com mais de 10 milhões de habitantes.  As megacidades concentram hoje cerca de 10% da população mundial e elas não parem de crescer principalmente nos países em desenvolvimento.
     Assim, a cidade contemporânea traz consigo novos desafios, oportunidades, e necessidades do desenvolvimento sustentável e da gestão inteligente.  A pergunta é:  como será a cidade do futuro?  Qual é o modelo de cidade que desejamos?  O certo é que devemos optar por uma cidade sustentável, i.e. uma cidade inteligente, inovadora, criativa e que deve ser focada, planejada, e feita para as pessoas.
        Contudo, o que observamos hoje é uma cidade que está se adaptando, por exemplo, aos carros (desenhados por engenheiros pouco preocupados com a sustentabilidade e o meio ambiente), enquanto o certo é que são os carros que devem se adaptar às cidades.
        Assim, a cidade do futuro deve ser uma cidade que busca a sustentabilidade baseando-se em três conceitos fundamentais:  inteligência, inovação e criatividade.  Isto leva ao conceito de cidade ubíqua.  Um ambiente ubíquo é aquele no qual as tecnologias de informação são aplicadas de forma intensiva e todos os sistemas estão interligados.  Tal ambiente deve ter as características de conveniência, segurança, e simplicidade, para qualquer usuário, a qualquer hora e em qualquer lugar.
       A cidade inteligente é definida, portanto, como um território que traz sistemas inovativos e TICs dentro da mesma localidade.  São territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizagem e inovação, que já é embutida na criatividade de sua população, suas instituições de geração de conhecimento, e sua infraestrutura digital para comunicação e gestão do conhecimento.  Isto leva certamente à necessidade e à ambição de repensarmos nosso modo de viver.
     Como exemplo disto, algumas cidades estão implantando o projeto “malhação social” onde, em uma academia de ginástica, os movimentos dos exercícios são transformados em energia que carrega as baterias de toda academia.  Os “pulos” e toda energia dissipada por uma torcida durante uma partida de futebol, podem ser transformados em energia elétrica suficiente para iluminação do estádio, etc.  Um outro exemplo, são os programas de eficiência energética, onde lâmpadas, ar condicionados, etc. são desligados automaticamente cada vez que a sala está vazia usando sensores adequados.
A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, está implantando o programa “Rio Inteligente”, que é baseado no uso das TICs para realização de grandes avanços em cinco áreas estratégicas: educação, saúde, governo eletrônico, segurança pública, e defesa do meio ambiente.  Em Portugal, a IBM implantou o Centro de Estudos Avançados (CAS), um polo de pesquisa científica que pretende unir a empresa com o mundo acadêmico, o mundo empresarial e o Governo no objetivo da inovação.  Assim, o CAS pretende criar uma cidade inteligente, em áreas como transporte e mobilidade, saúde, governança eletrônica e educação.  O objetivo é gerar conhecimento que crie serviços com impacto na vida das pessoas.
Entretanto, o exemplo mais fascinante de cidade digital é New Songdo em construção na Coréia do Sul, a 65 quilômetros da capital Seul, que conta com um investimento de US$ 25 bilhões, e que deve ser inaugurada no final deste ano.  Songdo é um polo econômico, sustentável, tecnológico, confortável e totalmente planejado para atrair a comunidade mais dinâmica, vibrante e digitalizada do planeta.  O planejamento da cidade é liderado pelo John Kim, ex-projetista-chefe do Yahoo.  Além de ser uma cidade totalmente high-tech, Songdo pretende ser a cidade mais verde do planeta.
        Nela, casas, supermercados, empresas, etc. compartilham dados.  Os computadores e chips são presentes em residências, ruas e escritórios.  Cada apartamento é equipado por cerca de 2.500 chips.
Por exemplo, as geladeiras, conectadas à Internet, fazem compra on-line cada vez que algo está ficando em falta (leite, ovo, manteiga, etc.).  Para escolher a roupa adequada, as mulheres interagem com o espelho do guarda-roupa que mostra as opções disponíveis, provam virtualmente as diferentes combinações e recebem até sugestões de moda, etc.  O chão é equipado por sensores de pressão que acionam a ajuda automaticamente no caso de uma queda de uma pessoa, etc.  Sensores e chips levantam e analisam informações sobre a qualidade da água, ar, lixo, e até da urina da pessoa. e avisam sobre as condições sanitárias do ambiente, etc.  No transito, os semáforos são inteligentes e atuam de forma a facilitar o transito e evitar congestionamentos.  Os motoristas visualizem on-line, as condições do transito.  As áreas de estacionamento são monitoradas e os motoristas são informados sobre a quantidade e a localização das vagas.
        Inicialmente, New Songdo terá 65 mil habitantes quando será inaugurada.  Muitos candidatos já estão na fila.  O primeiro bloco com 2.600 apartamentos foi colocado à venda em 2006 e a procura foi de oito pessoas para cada apartamento.  As transações podem ser feitas por meio do portal www.songdo.com.
       Assim, Songdo, é um exemplo perfeito de tentativa para colocar em prática o conceito de Ubiquitous City (U-City).  O U-City, ou cidade digital, ou do futuro, é um conceito que está agradando a priori.  Porém, é preciso ter muitos cuidados com a privacidade das pessoas inerentes do uso de chips que carregam informações e dados pessoais.  Até que ponto o monitoramento de nossas atividades é útil e pode ser tolerado?

      Apesar dessas preocupações, o conceito de Cidade Ubíqua é muito interessante e reflete muito bem a tendência em matéria de modelos de cidades.  Portanto, vale a pena investir na cidade do futuro no maranhão e no Brasil, pelo menos em alguns bairros modelos levando à sustentabilidade e a uma boa qualidade de vida.  São Luís devia ter entrado neste projeto.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...