Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
Em um país de
dimensão continental como o Brasil onde há escassez de informações adequadas para realização
de estudos específicos e tomada de decisão, o Geoprocessamento se apresenta como
uma alternativa bastante viável e com um enorme potencial para remediar a tais
questões.
O
geoprocessamento é definido como o tratamento de dados georreferenciados onde cada
objeto, além de ser descrito pelas suas características específicas, é também
representado pela sua localização geográfica no seu território. As atividades envolvendo o geoprocessamento são
executadas por meio de
sistemas computacionais chamados
de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) que armazenam as informações em um banco de dados geográfico.
Os SIGs trabalham com mapas e informações associadas a estes mapas, e têm como objetivo proporcionar ao
usuário comum uma exploração fácil e agradável de dados geográficos (dados
cartográficos, de satélite, etc.).
Assim, o usuário pode solicitar a visualização de mapas e criar gráficos
a partir dos dados geográficos gerados e armazenados pelo sistema. Os Bancos de Dados Geográficospermitam um acesso
online e consequentemente podendo seratualizados em tempo real.
Assim, os
sistemas de informação geográfica tem a vantagem de facilitar a análise,
representação, e gestão do espaço além de oferecer uma maior acessibilidade e interação visual
com os dados. É, portanto, uma grande
ferramenta de auxilio à tomada de decisões.
Na área educacional, por exemplo, um sistema
georreferenciado por meio de fotos aéreas pode ajudar no planejamento
administrativo das escolas. O sistema
permite uma localização espacial das escolas no mapa e disponibiliza as
informações sobre alunos, professores, funcionários, histórico escolar, linhas
de ônibus servindo cada escola, serviços administrativos disponíveis, etc.
O SIG pode
ser acessado online pelas pessoas autorizadas e implicará em um melhor
planejamento dos investimentos educacionais, matrícula dos alunos nas escolas
mais próximas de suas casas, gerenciamento dos recursos humanos e financeiros,
etc.
As aplicações
são as mais variadas e o ordenamento e gestão territorial é
uma das aplicações pioneiras do geoprocessamento. É um SIG onde é montada uma base cartográfica
geoprocessada que reproduz um território (um órgão, uma cidade, um estado,
etc.) identificando lotes, construções, estradas, rios, bacias, redes de
infraestrutura, propriedades rurais, etc.
Isso é muito útil para o planejamento urbano e ordenação do uso do solo
inclusivo nos aspectos jurídicos (revisão da legislação, novas leis,
etc.). Na china, as prefeituras usam o
SIG para visualizar a evolução de suas cidades em uma perspectiva de até 50
anos. E quando as tecnologias de
“Geoprocessamento” de “Realidade Virtual” são acopladas, torna-se possível
fazer visitas virtuais à cidade do futuro.
Tudo isto é muito importante para fazer, já no presente, as correções
adequadas para evitar os problemas do futuro.
A nível
fiscal, o geoprocessamento é tão importante ao ponto de ajudar estados e
municípios a otimizar a arrecadação. Usando
uma base cartográfica com informações necessárias para revisão periódica da
planta genérica de valores permitindo um aumento da receita.
A partir da incorporação
de informações socioeconômicas e sobre equipamentos e patrimônio, o SIG possibilita
uma gestão
do patrimônio públicocom uma visualização e uma localização fácil das
áreas, identificando aquelas com nível de carência e os melhores locais para
instalação de novos equipamentos e novos serviços públicos baseando-se em
critérios de necessidade e acessibilidade os locais.
O
geoprocessamento é interessante também na gestão ambiental e de recursos hídricos,
usando imagens de satélite possibilitando o monitoramento das áreas de risco e das
áreas degradadas com maior necessidade de proteção ambiental acompanhando a
evolução de parâmetros como erosão do solo, poluição da água e do ar, disposições
irregulares de resíduos para tomada de decisão e gerenciamento de serviços de
limpeza definindo roteiros de coleta, etc.
Um SIG pode
ajudar também no gerenciamento do transporte público usando uma base
cartográfica ampliando a qualidade e a agilidade das decisões tomadas,
observando a demanda pelo transporte coletivo, carregamento das vias,
identificação de pontos críticos de acidentes e vias com maior necessidade de
manutenção.
O
geoprocessamento pode servir também na ouvidoria e na gestão da comunicação com o
cidadão. O sistema mostra de
forma transparente as ações do governo e fica na escuta das reivindicações,
reclamações e sugestões dos cidadãos que são recebidas online, possibilitando a
análise, agrupamento e visualização com base de vários critérios como bairro,
sexo, faixa etária, etc. atuando como um instrumento de controle social e
levandoà instauração de uma melhor relação do governo com o cidadão.
Um SIG
incorporando os dados socioeconômicos permite de traçar mapas como a da
pobreza, da inclusão digital, da bolsa família, do analfabetismo, da habitação,
da saúde, do idoso, da juventude, das drogas, etc. ajudando na elaboração
das politicas públicas com identificação do público alvo.
Os SIGs
constituam hoje uma ferramenta tecnológica de extrema importância e utilidade para
o planejamento de investimentos públicos e tomada de decisão. De modo geral,
qualquer setor que trabalhe com informações que possam ser relacionadas a
pontos específicos do território podee deve beneficiar desta tecnologia.
No Maranhão,
a secretaria estadual da educação está de parabéns ao fazer um grande esforço
para mapear cada escola e cada aluno como todas as informações que eles
representam. É um trabalho
extraordinário que, certamente, mudará a gestão da educação maranhense ajudando
no diagnóstico situacional e na tomada de decisão. O Macro Zoneamento do estado que está sendo
iniciado também vai ser muita valia para uma verdadeira gestão moderna e real
para todos os órgãos do governo.
Com uma
dimensão territorial igual a de vários países europeus, nosso estado é o oitavo
maior estado do País e necessita, portanto,de um grande avanço na área para
ajudar na tomada de decisão e na resolução de seus problemas urbanos, rurais,
recursos hídricos, agrícolas, ambientais, etc.
Todos os órgãos e municípios precisam desta tecnologia para melhor
planejar suas ações e ajudar na tomada de decisões. É o conhecimento e a tecnologia a serviço da
cidadania.