segunda-feira, 23 de março de 2015

ÁGUA E PAZ COM A NATUREZA

Celebramos hoje o Dia Mundial da Água.  O Brasil é o país com maior volume de água doce do mundo.  Temos 12% da água doce superficial do mundo. Temos o Amazonas que é o rio mais volumoso do mundo, e temos chuva abundante em 90% de nosso território com exceção do Semiárido.  Temos a maior reserva de água do planeta.  Infelizmente, apesar disto, vivemos hoje uma das maiores crises hídrica da história.

É, sem dúvida, um momento extremamente delicado e é muito importante para nós refletimos e conscientizamos sobre a necessidade da preservação do líquido mais precioso de nosso planeta.  Durante muitos anos usamos e desperdiçamos muita água sem a mínima preocupação.  Sem a água, a vida não existiria.  Seres humanos, animais, e plantas, todos precisam da água para viver e crescer.
A água para o nosso planeta é como o sangue para nosso corpo.  A exemplo do sangue que leva os nutrientes, oxigênio, etc. para as células do organismo em todos os tecidos do corpo, a água transporta os nutrientes para os milhares de organismos vivos na Terra.  Da mesma forma que aproximadamente 70% da superfície da terra é composta por água, 70% de nosso corpo é também constituído por água, tendo o sangue seu principal distribuidor.  Mais de 80% de nosso sangue é constituído de água facilitando assim a irrigação e alimentação de nosso corpo.
A água é um dom da natureza.  Ela existe nos três estados: líquido, sólido e gasoso, dependendo da temperatura ambiente.  Sua abundância no nosso planeta contrasta com o fato que menos de 3% de toda água é doce; o resto (97%) é água salgada, imprópria ao consumo.  Pior ainda, menos de 1% desta água é disponível para utilização, pois a maioria da água doce encontra-se nas geleiras nos dois polos ou nos subsolos muito profundos.  Estima-se que, em 100 litros de água neste planeta, apenas o equivalente a uma colher de chá é potável.  Tudo isto mostra a escassez da água potável, e encarece o acesso à água pelo homem.  É preciso lembrar que a água é um recurso muito limitado.  Além disso, ela é mal distribuída no planeta.
A convivência do homem e da água é muito antiga.  Ao longo da história, o homem aprendeu a usar a água em seu favor para plantar, criar, gerar energia, etc.  O homem sempre procurou morar perto dos rios para obter água potável, facilitar a irrigação, gerar energia, etc.  A água foi também fundamental na revolução industrial permitindo o surgimento da roda d´água (roda de Burden), a máquina a vapor, as usinas, refinarias, hidrelétrica, etc.
Com o aumento da população mundial, o crescimento da produção industrial, e a falta de políticas públicas de sustentabilidade ambiental, o problema do acesso à água está se tronando cada vez mais preocupante.  De fato, para produzir um quilo de papel, são usados 500 litros de água; para fabricar uma tonelada de aço, são necessários 260 mil litros de água, etc.  Enquanto a recomendação da UNESCO é de um consumo médio de 120 litros individual por dia, uma pessoa chega a gastar cerca de 500 litros de água por dia.  Realmente, o desperdício é muito grande.
A escassez da água é hoje um fenômeno mundial, e se nenhuma providência é tomada, estima-se que em 2050, a metade da população mundial não terá acesso à água o que levará a muitos conflitos entre os povos.
A falta de água está se agravando cada vez mais por inúmeras razões: a impermeabilização do solo resultando do asfaltamento e da edificação impede a infiltração da água da chuva no solo e consequentemente, prejudica o processo da recarga dos lençóis freáticos.  Recentes pesquisas mostram que as mudanças climáticas irão agravar até 40% a falta d’água no planeta.
Entretanto, a causa mais importante é a poluição fruto do descuido do homem.  Se um rio é contaminado, a população inteira sofre as consequências.  O lixo é jogado nos rios, no mar, nos lagos, sem nenhum tratamento, matando os peixes e a vida.  Um rio poluído é sujeito à morte.  Estima-se que, nas capitais brasileiras, apenas 17% das indústrias tratam seus esgotos e que 83% jogam nos rios todo lixo produzido.  No Maranhão, uma universidade como a UFMA que deve mostrar o exemplo, está jogando o seu esgoto no Rio Bacanga, sem nenhum tratamento, algo inadmissível, inimaginável, e não conduz com a missão que deva ter uma academia.
A atividade agrícola também é muito poluidora de água.  Os agrotóxicos e os pesticidas são muito prejudiciais, pois, carregados pela água da chuva, penetram o solo e atingem os lençóis freáticos ou são levados para os rios e mananciais.  Isto nos alerta cada vez mais sobre a importância da agricultura orgânica.
A água poluída pode causar doenças como cólera, febre tifoide, disenteria, amebíase, etc.  Apesar disto, mais de 30% da população brasileira não tem água encanada e nem saneamento básico.
O consumo de água cresce a cada dia, porém a quantidade de água disponível para o consumo no planeta é a mesma.  Algumas soluções estão sendo adotadas para obtenção de água potável como a dessalinização da água do mar, derretimento geleiro, etc.
A água é o melhor amigo da nossa saúde, forma física, e beleza.  A nossa sobrevivência depende de nossa capacidade de usar e de cuidar desta riqueza.  Devemos acabar com o desperdício de água.  Mudar nossos hábitos, nossos costumes nossa forma de lidar com a água no quotidiano: fechando a torneira ao escovar os dentes, reaproveitando a água de uso doméstico, economizando água tratada, utilizando menos detergentes, jogando o lixo no lugar apropriado, entendendo e respeitando o ciclo e o fluxo da água, plantando árvores, denunciando as empresas poluidoras, denunciando ocupações clandestinas que estejam despejando esgoto e lixo nos mananciais, etc.
Precisamos também cobrar a implantação de leis de proteção ao meio ambiente e contra as poluições a exemplo da Lei “Cidade Limpa” de São Paulo.  Projetos de perenização dos rios, e a construção de barragens são ações concretas que devem ser levadas a sério.
É preciso realizar estudos aprofundados sobre as bacias hidrográficas e o fluxo das águas das nossas cidades.  Esses estudos devem ser levados em consideração no planejamento das cidades, pois não podemos continuar a desafiar a natureza construindo nos lugares errados e asfaltando nos lugares errados.

Contudo, necessitamos principalmente de educação.  Uma educação que nos leva ao estabelecimento da consciência ecológica, para uma convivência em harmonia com a natureza, e para uma verdadeira solidariedade entre os seres humanos.  Precisamos cuidar deste bem valioso que a natureza nos deu.  Precisamos ter paz com a natureza e nos preocupar de vez com nosso planeta.

segunda-feira, 16 de março de 2015

TIME MACHINE

Por Prof. Dr. Sofiane Labidi

Uma das ideias mais fascinantes da ficção científica é a noção de viajar através do tempo: voltar ao passado e ir ao futuro.  Viajar no tempo tornou-se um tema popular de ficção científica, principalmente após a publicação do livro “A Máquina do Tempo” de H.G. Wells, em 1895.
Entretanto, durante muitas décadas viagens no tempo não pertenciam aos limites da ciência séria e respeitável.Mas, o conhecimento científico evolua ao longo do tempo i.e.o que é considerado verdade hoje, pode não ser amanhã, e vice-versa.
Por exemplo, há seis séculos,dominava a teoria do universo geocêntrico defendida pelo cientista grego Claudio Ptolomeu e pela Igreja, e que considera a Terra como o centro do Universo. Hoje, sabemos que a Terra não é sequer o centro do Sistema Solar.A Terra gira em torno de seu próprio eixo e do Sol. O Sol também gira em torno de um referencial na Via Láctea, que é a nossa Galáxia. O Sol é o centro de nosso sistema solar.  Existem milhares de Galáxias no Universo e todas giram também.Esse movimento que foi liderado por Nicolau Copérnico,e consolidado posteriormente pelo físico italiano Galileu Galilei, é chamado de heliocentrismo em oposição ao geocentrismo.
Da mesma forma, o tempo era considerado como absoluto e universal, i.e.igual para todos, independentemente das circunstâncias físicas. Mas, em 1905, Albert Einstein publicava a Teoria da Relatividade.  Na sua teoria, Einstein afirma que o tempo não é o mesmo para todos, ou seja, quando dois objetos se movem de maneiras diferentes um em relação ao outo, eles experimentam durações diferentes.  O tempo é portanto relativo dependendo do ponto de vista (relógio interno) de cada observador (objeto).
Isto é explicado no “Paradoxo dos gêmeos”.  Imagina dois irmãos gêmeos Maria e João.  João viaja para visitar um estrela distante, enquanto Maria permanece na Terra.  Se para João, a viajem durou um ano, quando ele voltar, ele descobre que dez anos se passarem na Terra e portanto João e Maria não têm mais a mesma idade.  Maria será 9 anos mais velha que João apesar dos dois terem nascidos no mesmo dia.  Esta variação é chamada “dilatação do tempo”.
No nosso dia-a-dia na Terra, nós não observarmos grandes variações porque este fenômeno de dilação do tempo só é sentido quando nós nos aproximamos da velocidade da luz.  Para as viagens em aviões comerciais aproximando onde a velocidade fica em torno dos 900 km por hora, a dilatação do tempo não ultrapassa alguns nano segundos, muito pouco para observar mudanças.  De qualquer forma, os relógios atômicos tem capacidade para registrar com precisão esta mudança mostrando que o movimento afeta o tempo.
Os raios cósmicos também apresentam saltos gigantescos no tempo. Essas partículas se movem em velocidades tão próximas da luz que, para o ponto de vista de seus relógios internos, atravessam a galáxia em alguns segundos, embora para a referência da Terra pareçam levar milhares de anos. Se não houvesse dilação do tempo, essas partículas nunca chegariam aqui. Mas, existe um outro fator importante que influencia na dilatação do tempo que é a gravidade que puxa a luz.
Assim, para Einstein, o tempo não é algo estático mas pode sim ser modificado.  Podemos nos deslocar para trás e para frente no tempo assim como o fazermos no espaço.  O tempo é apenas um tipo de espaço.  É a quarta dimensão.
Isto pode não estar tão longe a acontecer quanto se pensa!Para provar esta teoria, os cientistas estão construindo uma máquina do tempo.
Normalmente, pensamos que o tempo é uma linha reta, indo do passado para o presente, e para o futuro.  Se o espaço for torcido vigorosamente, então a linha do tempo vai se torcer dentro de um anel, eportantopodemos ir do futuro de volta ao passado.
De acordo com a teoria relativista, quando nos aproximamos da velocidade da luz, o tempo fica mais lento.  E se pudemos ir mais rápido de que a luz, aí o tempo poderia se reverter.Mas como poderemos fazer isso? 
A inspiração dos cientistas é de usar a luz.  A máquina do tempo deve ser baseada na luz.  Experiências estão sendo realizadas usando laser de alta energia para agitar o tecido do tempo dentro de um tubo.  A máquina do tempo seria pequena, bem pequena!
O que importa agora não é mandar seres humanos para o tempo.  Incialmente, podemos mandar partículas quânticas.  Assim podemos mandar informações para o passado.  Poderemos assim avisar a nós mesmos sobre desastres futuros e evitar catástrofes, etc.
Começamos assim a entender melhor o conceito do tempo a partir da teoria da relatividade.  A relatividade mudou radicalmente as bases da Física, alterando conceitos tão fundamentais como tempo e espaço.

Este é o primeiro grande passo rumo à concretização deste sonho que será realizado ainda neste século.  O Homem se deslocando através do tempo.  Isto é ciência, isto é simplesmente primoroso!

segunda-feira, 9 de março de 2015

MULHER E CIÊNCIA

         
Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
    Celebramos hoje, 8 de março, o centésimo quarto aniversário do dia internacional da mulher.  Este dia foi comemorado pela primeira vez em 1911 tendo como origem as manifestações realizadas no início do século XX pelas mulheres russas por “Pão e Paz”, e por homens e mulheres esclarecidos na Europa e nos Estados Unidos que reclamavam a igualdade dos direitos, melhores condições de trabalho, e o direito do voto para as mulheres. 
                O Dia homenageia de fato 129 mulheres queimadas vivas, em uma fábrica de tecidos em Nova Iorque, em 8 de março de 1857, por reivindicarem um salário justo e a redução da jornada de trabalho.
                O dia internacional da mulher foi oficializado pela ONU em 1977.  A ONU definiu também que a “igualdade de gêneros e a valorização da mulher” seja um dos oito objetivos de desenvolvimento do milênio (ODM) estabelecidos por ela em 2001.
               De lá pra cá, muito se conquistou.  A mulher de hoje é emancipada; ela ocupa cargos importantes que até então eram restritos aos homens.  A mulher é empresária, médica, pilota, engenheira, política, administradora, e recentemente o Brasil obteve sua primeira presidenta.
           Apesar desses avanços, a luta pela igualdade de géneros ainda não chegou ao fim.  É certo que a mulher obteve muitas conquistas; contudo, até hoje nenhum país no mundo atingiu a igualdade de gêneros.
Seguindo o Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2013 do Fórum Econômico Mundial, que analisou 136 países, nem a Islândia atingiu esta meta.  A Nova Zelândia é o primeiro país do mundo a conceder o direito do voto às mulheres, já em 1893, e ocupa hoje a 7ª colocação no ranking de igualdade de gêneros com um índice de igualdade de 78,1%.  Este ranking é liderado pelos países nórdicos, na sequência: Islândia, Finlândia, Noruega, Suécia, Irlanda, Dinamarca, e Suíça.  Esses países têm uma longa tradição na valorização e investimento no talento individual.  A única surpresa do ranking são as Filipinas que aparecem no 5o lugar.
          O relatório mostra o Brasil na 62ª posição com um índice de 66,5%.  O índice avalia quatro fatores-chave que medem a igualdade de gênero na sociedade: saúde, acesso à educação, participação política, e igualdade econômica.  O Brasil está muito bem nos quesitos de igualdade no acesso à educação, saúde, e expectativa de vida.  Porém, precisa melhorar muito para assegurar o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho e na vida pública.  De fato, por um mesmo trabalho, a mulher brasileira recebe apenas 54% do que é pago aos homens, e a renda média das mulheres é estimada em apenas 61% da renda média dos homens.  Mas, no quadro dos altos funcionários e na administração de empresas a participação feminina é um destaque.  Quanto ao voto, o Brasil celebra o dia da conquista do voto feminino em 24 de fevereiro, um direito adquirido em 1932.
      Hoje, cerca de 50% das mulheres em todo o mundo possuem empregos remunerados – um aumento de 40% em 20 anos. No entanto, essa proporção não se reflete na equidade salarial, com as mulheres ganhando em média 77% a menos do que os homens.  A ONU enfatiza a necessidade de estabelecer 2030 como a data limite para a disparidade de gênero.  A ONU se prepara para o 20º aniversário de adoção da Declaração e da Plataforma de Ação de Pequim – Pequim+20 -, o “projeto internacional” para a igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.
      Se no quesito acesso à educação, a participação feminina melhorou muito, igualando e até ultrapassando a participação masculina em alguns países; a participação da mulher na ciência e tecnologia continua sofrendo dificuldades.
No entanto, a história de mulher na ciência é muito antiga.  Já no século I, Maria la Hebrea, uma química da Alexandria, deu uma grande contribuição às ciências biológicas ao inventar o famoso Banho Maria.  No século IV, uma mulher grega chamada Hipatia que vivia em Alexandria desenvolveu trabalhos interessantes nas áreas de matemática, astronomia, e filosofia ao ponto de influenciar o pensamento filosófico do século XVIII.  Na egípcia antiga, a Ísis inventou o processo de embalsamamento (cujo método continua sendo um mistério até hoje) e ensinou aos egípcios a agricultura, a navegação, e a astronomia.
        Para analisar a contribuição das mulheres nas diferentes áreas do conhecimento, tentei observar sua participação no Prêmio Nobel.  O destaque é de Marie Sklodowska-Curie, considerada a maior mulher cientista de todos os tempos.  Polonesa de origem, ela fez sua carreira científica na França e foi vencedora do Prêmio Nobel em duas oportunidades, de Física em 1903 e de Química em 1911.  Ela foi pioneira nos estudos sobre radioatividade e teve também sua filha Irene Joliot-Curie vencedora do Prêmio Nobel de Química em 1935.  Em homenagem ao seu trabalho, realizado em parceria com seu marido Pierre Curie, uma das mais famosas e brilhantes universidades parisienses leva seu nome até hoje: a Universidade Pierre et Marie Curie (UPMC, Paris 6).
Contudo, em mais de 100 anos de Nobel que foi criado em 1901, apenas 40 mulheres foram agraciadas com o prêmio, ou seja, menos de 10% do total dos premiados até hoje.  Nas ciências exatas, apenas duas mulheres ganharam o prêmio de Física (Marie Sklodowska-Curie e Maria Goeppert Mayer) e três mulheres ganharem o prêmio de Química (Marie Curie, Irene Joliot-Curie, e Dorothy Mary Crowfoot Hodgkin).  Não existe um Prêmio Nobel de Matemática, mas a participação feminina nesta área sofre os mesmos problemas.
          Historicamente, a ciência sempre foi vista como uma atividade masculina.  Áreas como a matemática, física e química, por exemplo, erram restritas aos homens.  Havia um preconceito que a mulher não tinha o QI suficiente para enfrentar tais áreas.  Isto reflete a pequena participação feminina nas comunidades destas áreas.  Basta observar o envolvimento das mulheres nesses cursos, nas equipes de pesquisa e nos congressos do ramo.  Durante muitos anos eles costumavam reunir centenas de homens e menos de uma dúzia de mulheres em média.
         Ao analisar algumas diferenças, cientificamente comprovadas, entre os dois sexos, observa-se que o cérebro do homem é geralmente 15% maior e 10% mais pesado, porém o da mulher tem mais conexões entre os neurônios e os dois hemisférios se comunicam mais efetivamente.  Os homens enxergam melhor a distancia e têm melhor inteligência espacial.  As mulheres têm uma melhor visão periférica além de melhor audição e olfato.  As mulheres têm também uma memória mais eficiente e um poder de processamento paralelo interessante.  Os homens são mais corajosos e mais competitivos, enquanto as mulheres têm mais capacidades de socialização.  As mulheres têm uma maior expectativa de vida; no Brasil a expectativa de vida é de 70,6 anos para os homens e 77,7 anos para as mulheres.  Os homens sofrem bastante com os infartos enquanto as mulheres têm mais problemas de depressão e osteoporose.
      É notório observar que a participação feminina nas atividades científicas vem crescendo a cada dia, principalmente após a segunda guerra mundial.  Nas universidades, os cursos tradicionalmente ocupados por homens como as engenharias e matemática, começam a ter uma massa crítica de mulheres muito importante.
      Assim, o auge da participação feminina no prêmio Nobel aconteceu em 2009, quando cinco mulheres se destacaram entre os treze vencedores.  É preciso, portanto, aumentar a participação feminina no meio científico e incentivá-la em suas atividades.
No Brasil, a maioria dos estados já tem uma secretaria para mulher onde se tenta implementar políticas públicas para emancipação da mulher.  Porém poucas focam o incentivo da mulher para a prática da ciência.  Em nível federal, foi criado em 2005 o Programa “Mulher e Ciência” pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o Ministério da Ciência e Tecnologia, e o Ministério da Educação.  Em nível mundial, existe, por exemplo, o Prêmio L’Oréal-Unesco “Mulheres na Ciência” que, no Brasil, é realizado em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
         Podemos afirmar que a mulher teve um papel importante na Ciência.  Apesar de timidamente, ela contribuiu para o avanço científico desde as civilizações antigas, mas elas não foram devidamente reconhecidas.
Realmente, precisamos valorizar muito mais este tipo de datas importantes, comemorá-los intensamente com grandes atividades e manifestações, e não os encarando-os como mais um feriado.

     Que Deus abençoe a todas as mulheres; Que a Ciência seja um elemento de transformação e de prosperidade para toda humanidade; e Que a Mulher continua dando sua contribuição para a sociedade.  Parabéns Mulher pelo seu dia, pela tua luta, e pelas conquistas.  Seja sempre Feliz!

segunda-feira, 2 de março de 2015

SMART CITIES

     Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
        No início do século 20, apenas 10% da população mundial era urbana. Atualmente, metade da população vive em cidade; e estima-se que, em 2050, esta proporção chegará a 75%.  Assim, se o século 19 era considerado o século dos impérios e o século 20 o século das nações, o século 21 está sendo considerado o século das cidades.

        A importância das cidades cresce ainda mais quando observamos que é na cidade que acontece a nossa vida, o nosso dia-a-dia.  É na cidade que são feitas as grandes interações, sociais, econômicas, culturais, etc.  Mas também, é o lugar onde há um crescimento das favelas, da poluição, do desemprego, do congestionamento no transito, da violência, etc.  Estudos mostraram que, a partir de um milhão de habitantes, as cidades tornam-se palco de grandes problemas difíceis de serem contornados.
       Além disso, o crescimento das cidades fez emergir as chamadas de megacidades.       São as cidades, ou metrópoles, com mais de 10 milhões de habitantes.  As megacidades concentram hoje cerca de 10% da população mundial e elas não parem de crescer principalmente nos países em desenvolvimento.
     Assim, a cidade contemporânea traz consigo novos desafios, oportunidades, e necessidades do desenvolvimento sustentável e da gestão inteligente.  A pergunta é:  como será a cidade do futuro?  Qual é o modelo de cidade que desejamos?  O certo é que devemos optar por uma cidade sustentável, i.e. uma cidade inteligente, inovadora, criativa e que deve ser focada, planejada, e feita para as pessoas.
        Contudo, o que observamos hoje é uma cidade que está se adaptando, por exemplo, aos carros (desenhados por engenheiros pouco preocupados com a sustentabilidade e o meio ambiente), enquanto o certo é que são os carros que devem se adaptar às cidades.
        Assim, a cidade do futuro deve ser uma cidade que busca a sustentabilidade baseando-se em três conceitos fundamentais:  inteligência, inovação e criatividade.  Isto leva ao conceito de cidade ubíqua.  Um ambiente ubíquo é aquele no qual as tecnologias de informação são aplicadas de forma intensiva e todos os sistemas estão interligados.  Tal ambiente deve ter as características de conveniência, segurança, e simplicidade, para qualquer usuário, a qualquer hora e em qualquer lugar.
       A cidade inteligente é definida, portanto, como um território que traz sistemas inovativos e TICs dentro da mesma localidade.  São territórios caracterizados pela alta capacidade de aprendizagem e inovação, que já é embutida na criatividade de sua população, suas instituições de geração de conhecimento, e sua infraestrutura digital para comunicação e gestão do conhecimento.  Isto leva certamente à necessidade e à ambição de repensarmos nosso modo de viver.
     Como exemplo disto, algumas cidades estão implantando o projeto “malhação social” onde, em uma academia de ginástica, os movimentos dos exercícios são transformados em energia que carrega as baterias de toda academia.  Os “pulos” e toda energia dissipada por uma torcida durante uma partida de futebol, podem ser transformados em energia elétrica suficiente para iluminação do estádio, etc.  Um outro exemplo, são os programas de eficiência energética, onde lâmpadas, ar condicionados, etc. são desligados automaticamente cada vez que a sala está vazia usando sensores adequados.
A cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, está implantando o programa “Rio Inteligente”, que é baseado no uso das TICs para realização de grandes avanços em cinco áreas estratégicas: educação, saúde, governo eletrônico, segurança pública, e defesa do meio ambiente.  Em Portugal, a IBM implantou o Centro de Estudos Avançados (CAS), um polo de pesquisa científica que pretende unir a empresa com o mundo acadêmico, o mundo empresarial e o Governo no objetivo da inovação.  Assim, o CAS pretende criar uma cidade inteligente, em áreas como transporte e mobilidade, saúde, governança eletrônica e educação.  O objetivo é gerar conhecimento que crie serviços com impacto na vida das pessoas.
Entretanto, o exemplo mais fascinante de cidade digital é New Songdo em construção na Coréia do Sul, a 65 quilômetros da capital Seul, que conta com um investimento de US$ 25 bilhões, e que deve ser inaugurada no final deste ano.  Songdo é um polo econômico, sustentável, tecnológico, confortável e totalmente planejado para atrair a comunidade mais dinâmica, vibrante e digitalizada do planeta.  O planejamento da cidade é liderado pelo John Kim, ex-projetista-chefe do Yahoo.  Além de ser uma cidade totalmente high-tech, Songdo pretende ser a cidade mais verde do planeta.
        Nela, casas, supermercados, empresas, etc. compartilham dados.  Os computadores e chips são presentes em residências, ruas e escritórios.  Cada apartamento é equipado por cerca de 2.500 chips.
Por exemplo, as geladeiras, conectadas à Internet, fazem compra on-line cada vez que algo está ficando em falta (leite, ovo, manteiga, etc.).  Para escolher a roupa adequada, as mulheres interagem com o espelho do guarda-roupa que mostra as opções disponíveis, provam virtualmente as diferentes combinações e recebem até sugestões de moda, etc.  O chão é equipado por sensores de pressão que acionam a ajuda automaticamente no caso de uma queda de uma pessoa, etc.  Sensores e chips levantam e analisam informações sobre a qualidade da água, ar, lixo, e até da urina da pessoa. e avisam sobre as condições sanitárias do ambiente, etc.  No transito, os semáforos são inteligentes e atuam de forma a facilitar o transito e evitar congestionamentos.  Os motoristas visualizem on-line, as condições do transito.  As áreas de estacionamento são monitoradas e os motoristas são informados sobre a quantidade e a localização das vagas.
        Inicialmente, New Songdo terá 65 mil habitantes quando será inaugurada.  Muitos candidatos já estão na fila.  O primeiro bloco com 2.600 apartamentos foi colocado à venda em 2006 e a procura foi de oito pessoas para cada apartamento.  As transações podem ser feitas por meio do portal www.songdo.com.
       Assim, Songdo, é um exemplo perfeito de tentativa para colocar em prática o conceito de Ubiquitous City (U-City).  O U-City, ou cidade digital, ou do futuro, é um conceito que está agradando a priori.  Porém, é preciso ter muitos cuidados com a privacidade das pessoas inerentes do uso de chips que carregam informações e dados pessoais.  Até que ponto o monitoramento de nossas atividades é útil e pode ser tolerado?

      Apesar dessas preocupações, o conceito de Cidade Ubíqua é muito interessante e reflete muito bem a tendência em matéria de modelos de cidades.  Portanto, vale a pena investir na cidade do futuro no maranhão e no Brasil, pelo menos em alguns bairros modelos levando à sustentabilidade e a uma boa qualidade de vida.  São Luís devia ter entrado neste projeto.

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