Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
Sem
percebermos, estamos no meio de uma revolução com consequências importantes para
sociedade. O filósofo Pierre Levy afirma
que a informatização da sociedade é um processo irreversível. Não há hoje como
parar esta revolução causada pelo avanço tecnológico. Porém, podemos e necessitamostomar as providências
necessárias para evitar qualquer desgaste e tirar proveito desta transição à
sociedade do conhecimento, evitando uma fratura social que seria fatal para
humanidade.
O mundo que vivemos
está em mutação constante e, para que todos se adaptem, precisamos mais de que
nunca de uma educação de qualidade. As
exigências são grandes e os desafios são enormes. Precisamos estar muito atentos aos avanços tecnológicos
que vêm evoluindo em uma velocidade dinâmica.
Entretanto, precisamos estar cientesdas potencialidades e das
possibilidades que asnovas tecnologiasoferecem edas quais todos nós devemos
serusuários. É a educação no centro de
tudo.
No entanto, o
relatório Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU),coloca o Brasil na 73a
posição entre 169 países, ena 11aentre os países da América
Latina, com valor de 0,699 em uma escala de 0 a 1. O IDH é um mecanismo desenvolvido por um
economista paquistanês e adotado pela ONU desde 1993 para medir o bem-estar da
sociedade.
Entre os três
fatores pilares do cálculo do IDH (renda, saúde, e educação),o PNUD observou
que éno pilar educação que o Brasil tem um desempenho mais fraco impedindo o país
de estar no grupo dos IDHs mais altos.
O
gargalocontinua sendo a escolaridade e a qualidade do ensino.A expectativa de vida
escolar é de 13,8 anos e aescolaridade média para adultos (acima de 25 anos) é
de 7,2 anos de estudo. Quanto ao
rendimento anual,eleatingiuos US$ 10,607.00 per capita, e a expectativa de vida
aumentou para 72,9 anos.
Segundo o mesmo
relatório, o IDH do Brasil apresenta uma tendência de crescimento sustentável.Porém,
8,5% da população são pobres e sofrem carênciasnos três setores: saúde,
educação e renda, sendo a educação o setor que mais pesa na pobreza.
Vale
ressaltar que o cálculo do IDH sofreu algumas alterações para melhor avaliar a
educação adotando novos parâmetros, principalmente qualitativos. Por exemplo, o foco não é mais dado à taxa de
matrícula e alfabetização. Ao contrário, o novo IDH Educação propõe um modelo no
qual se tenta verificar se os alunos estudem mais e com melhor qualidade. Assim, não basta matricular muitas crianças e
jovens na escola para ter um IDH alto, é preciso também que eles estejam nas
séries adequadas.
Apesar do país
ter subido quatro posições no ranking, o relatório aponta sérios problemas na
educação brasileira principalmente em relação à qualidade de ensino e a taxa de
escolaridade. Isto explica os baixos
índices de avaliação educacional tanto nacionais como internacionais.Por
exemplo, a péssima classificação de nossos estudantes das escolas públicas nas
avaliações realizadas pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA),
realizada nos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE).
Precisamos acabar
urgentemente com um desastre chamado analfabetismo, pois o Brasil é um dos
países com maior número de analfabetos absoluto no mundo.A obrigatoriedade do
ensino dos 4 aos 17 anos, aprovada pelo governo é um passo importante.Verifica-se,
também, que segundo dados do Ministério da Educação (MEC), o Brasil tem cerca
de 300 mil professores sem habilitação universitária ou com um título não
adequado à disciplina lecionada. Isto é
um dos fatores da baixa qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Deste modo, precisamos de excelentes
programas de qualificação para nossos professores além de investir seriamente na
Educação Continuada até a aposentadoria.
Devemos ter
professores satisfeitos com salários e condições de trabalho dignos da nobre
missão que eles estão desempenhando na sociedade. Também, devemos incentivar o
uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), seja na educação formal
ou na educação continuada, pois o seu uso ainda é muito limitado. As TICs permitem novas abordagens pedagógicas
privilegiando a aprendizagem e a colocando no centro do processo educacional.
Assim, como
dizia o matemático e filósofo francês René Descartes, fundador da filosofia
moderna e da geometria analíticano início do século 17,“penso, logo existo”,eu
diria então “aprendo, logo existo”, para enfatizar o quanto é importante e crítico
ter um olhar mais sério e compromissado com a educação. Isto levaria à implantação de um sistema
educacional de qualidade, moderno, mais justo eque possa oferecer oportunidades
iguais para que todos pudessem enfrentar os desafios da sociedade do
conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário