quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

APRENDO, LOGO EXISTO


Por: Prof. Dr. Sofiane Labidi
       Sem percebermos, estamos no meio de uma revolução com consequências importantes para sociedade.  O filósofo Pierre Levy afirma que a informatização da sociedade é um processo irreversível. Não há hoje como parar esta revolução causada pelo avanço tecnológico.  Porém, podemos e necessitamostomar as providências necessárias para evitar qualquer desgaste e tirar proveito desta transição à sociedade do conhecimento, evitando uma fratura social que seria fatal para humanidade.
          O mundo que vivemos está em mutação constante e, para que todos se adaptem, precisamos mais de que nunca de uma educação de qualidade.  As exigências são grandes e os desafios são enormes.  Precisamos estar muito atentos aos avanços tecnológicos que vêm evoluindo em uma velocidade dinâmica.  Entretanto, precisamos estar cientesdas potencialidades e das possibilidades que asnovas tecnologiasoferecem edas quais todos nós devemos serusuários.  É a educação no centro de tudo.
         No entanto, o relatório Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU),coloca o Brasil na 73a posição entre 169 países, ena 11aentre os países da América Latina, com valor de 0,699 em uma escala de 0 a 1.  O IDH é um mecanismo desenvolvido por um economista paquistanês e adotado pela ONU desde 1993 para medir o bem-estar da sociedade.
        Entre os três fatores pilares do cálculo do IDH (renda, saúde, e educação),o PNUD observou que éno pilar educação que o Brasil tem um desempenho mais fraco impedindo o país de estar no grupo dos IDHs mais altos.
      O gargalocontinua sendo a escolaridade e a qualidade do ensino.A expectativa de vida escolar é de 13,8 anos e aescolaridade média para adultos (acima de 25 anos) é de 7,2 anos de estudo.  Quanto ao rendimento anual,eleatingiuos US$ 10,607.00 per capita, e a expectativa de vida aumentou para 72,9 anos.
    Segundo o mesmo relatório, o IDH do Brasil apresenta uma tendência de crescimento sustentável.Porém, 8,5% da população são pobres e sofrem carênciasnos três setores: saúde, educação e renda, sendo a educação o setor que mais pesa na pobreza.
        Vale ressaltar que o cálculo do IDH sofreu algumas alterações para melhor avaliar a educação adotando novos parâmetros, principalmente qualitativos.  Por exemplo, o foco não é mais dado à taxa de matrícula e alfabetização. Ao contrário, o novo IDH Educação propõe um modelo no qual se tenta verificar se os alunos estudem mais e com melhor qualidade.  Assim, não basta matricular muitas crianças e jovens na escola para ter um IDH alto, é preciso também que eles estejam nas séries adequadas.
         Apesar do país ter subido quatro posições no ranking, o relatório aponta sérios problemas na educação brasileira principalmente em relação à qualidade de ensino e a taxa de escolaridade.  Isto explica os baixos índices de avaliação educacional tanto nacionais como internacionais.Por exemplo, a péssima classificação de nossos estudantes das escolas públicas nas avaliações realizadas pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), realizada nos países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
          Precisamos acabar urgentemente com um desastre chamado analfabetismo, pois o Brasil é um dos países com maior número de analfabetos absoluto no mundo.A obrigatoriedade do ensino dos 4 aos 17 anos, aprovada pelo governo é um passo importante.Verifica-se, também, que segundo dados do Ministério da Educação (MEC), o Brasil tem cerca de 300 mil professores sem habilitação universitária ou com um título não adequado à disciplina lecionada.  Isto é um dos fatores da baixa qualidade do processo de ensino-aprendizagem.  Deste modo, precisamos de excelentes programas de qualificação para nossos professores além de investir seriamente na Educação Continuada até a aposentadoria.
        Devemos ter professores satisfeitos com salários e condições de trabalho dignos da nobre missão que eles estão desempenhando na sociedade. Também, devemos incentivar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), seja na educação formal ou na educação continuada, pois o seu uso ainda é muito limitado.  As TICs permitem novas abordagens pedagógicas privilegiando a aprendizagem e a colocando no centro do processo educacional.

         Assim, como dizia o matemático e filósofo francês René Descartes, fundador da filosofia moderna e da geometria analíticano início do século 17,“penso, logo existo”,eu diria então “aprendo, logo existo”, para enfatizar o quanto é importante e crítico ter um olhar mais sério e compromissado com a educação.  Isto levaria à implantação de um sistema educacional de qualidade, moderno, mais justo eque possa oferecer oportunidades iguais para que todos pudessem enfrentar os desafios da sociedade do conhecimento.

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