Por: Prof. Dr. Sofiane labidi
A paz no mundo jamais será alcançada por imposição, mas sim pela
promoção da igualdade e da justiça social.
A exploração do homem e as desigualdades são os principais fatores
causadores da pobreza e conseqüentemente do atraso da nossa sociedade
contemporânea.
Construir uma sociedade mais justa e igualitária baseada no
conhecimento e pautada pelo respeito e pela solidariedade, são princípios
essenciais para o exercício de uma cidadania plena e responsável. O respeito e a proteção à equidade e aos
direitos humanos são bases essenciais de uma sociedade justa e humana.
Infelizmente, o mundo atual é marcado por profundas
desigualdades que impedem a paz. 80% das
riquezas disponíveis estão nas mãos de 20% da população. O sintoma mais grave do
atraso é a existência da pobreza. Dos 7 bilhões de habitantes do nosso planeta azul, 2/3de nossa gente vive abaixo da linha da pobreza, i.e.,
com renda diária percapita abaixo de R$ 3,00.
A Ciência está avançando a passo acelerados. O homem chegou à Lua e está se aproximando do
planeta Marte. Porém, não há nutrientes suficientes
para cerca de 1,3 bilhões de pessoas que continuam sobrevivendo em situação permanente
de insegurança alimentar e nutricional. Dados da Organização das Nações Unidas
para Agricultura (FAO) revelam que a cada hora morrem mil seres humanos em conseqüência
da desnutrição, dos quais, anualmente, 5 milhões são crianças com menos de 5 anos
de idade. Isso é assustador. Assim,
entre as quatro causas de morte precoce: doenças, acidentes, violência, e fome;
esta última é a que causa mais vítimas no mundo. O que gera muita estranheza é que isso não ocorre
devido à falta de alimentos. A FAO assegura que o planeta produz alimentos suficientes
para 11 bilhões de pessoas, bem mais de que os 7 bilhões da população atual.
Os indicadores sociais colocam o Brasil como o país que tem a
segunda pior distribuição de renda do mundo, atrás apenas de Serra Leoa. De
fato, os 20% mais ricos da população brasileira detêm 65% da rendatotaleos50%mais
pobres ficam com apenas 12%.Assim reflete o índice GINI do Brasil que é igual a0,567.O
GINI é um coeficiente criado, em 1912, pelo matemático italiano Conrado Gini
para medir o grau de desigualdade existente na distribuição de renda. Seu valor
varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o
mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (i.e. apenas um indivíduo
detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é
nula). O índice GINI pode ser utilizado para medir qualquer tipo de
desigualdade.
Portanto, o Brasil tem o segundo pior índice GINI do mundo e
só é melhor que a Sierra Leo em distribuição de Renda. Essas concentrações de
riquezas e desigualdades tornam-se ainda mais intensas quando se compara comunidades
da Federação. Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, com 3,4% do território nacional,
concentram 30% da população do paíse45% do seu poder de compra. O Estado de São
Paulo é responsável pela produção de 50% da produção científica
brasileira. Em termos de Produto Interno
Bruto-PIB, observa-se que os índices percapita variam de R$ 1.402,00, no
Maranhão, a R$ 10.935,00, no Distrito Federal. O Índice de Desenvolvimento Humano
–IDH varia de 0,633 (no Alagoas) a 0,844 (no Distrito Federal).
Portanto, o Maranhão é, desde 1985, o Estado como pior PIB percapital
do País e o pior IDH (0,64). Apesar de uma melhoria no índice GINI que passou de
0,62 em 2001 a 0,57em2004 e de seu IDH que atingiu 0,700 em 2006, o Maranhão continua
sendo um dos piores estados em distribuição de renda. Em realidade, a distribuição
de renda é a que coloca o Maranhão em situação mais precária, como o estado mais
pobre da Federação.
De acordo com dados da Pnad/IBGE (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios), no Maranhão, de um total de 6,2 milhões de habitantes, 3,5
milhões de pessoas são consideradas pobres (renda mensal a baixo de R$ 80,00) e
1,7milhões indigentes ou extrema pobreza, segundo o critério de renda. Em nível
nacional, esses percentuais são de 33% e 13%, respectivamente. Trata-se, portanto,
do Estado com os piores índices sociais do país, apesar de ser considerado o segundo
Estado economicamente mais viável do Nordeste.
Em face deste quadro crítico, e para diminuir estas diferenças,
é necessário que as políticas públicas cheguem a todas as esferas da sociedade,
proporcionando igualdade de oportunidades para todos. Na sociedade moderna, o acesso
ao conhecimento implica em uma nova forma de ser e de se comportar no mundo.
Portanto, a educação, a ciência e a difusão do conhecimento são
as verdadeiras ferramentas com as quais será possível superar as desigualdades e
ampliar as oportunidades de crescimento nos diferentes níveis sociais. Não há
como falar em crescimento socioeconômicos e uma popularização da ciência e a capacitação
tecnológica dos cidadãos, assim com o fomento
do acesso às novas tecnologias e oportunidades.
As riquezas e os avanços técnico-científicos não devem beneficiar apenas
uma parcela mínima da população, mas sim a toda sociedade.
Precisamos portanto de um movimento mais amplo de
democratização e de construção de uma sociedade justa e humana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário