Por:
Prof. Dr. Sofiane Labidi
Considero a
“empresa” a célula mais importante da sociedade e seu principal motor de
desenvolvimento. Isto porque, além das suas responsabilidades sociais, a
empresa tem grandes capacidades de geração de trabalho e renda e é evidente
hoje o papel fundamental que as empresas têm na economia regional e
nacional.
As
Micro e Pequenas Empresas (MPEs) representam a grande fatia deste seguimento e
são responsáveis por mais de 50% dos empregos gerados no país tendo assim uma
grande influência no fortalecimento das economias locais.
A globalização da economia quebrou todas as barreiras e colocou as
empresas em competição aberta diante de um mercado heterogêneo e muito dinâmico
aumentando as ameaças às empresas locais, regionais e nacionais. Uma empresa
Maranhense, por exemplo, está em competição direta com empresas chinesas,
francesas, norte americanas; etc. Assim, a competitividade do Maranhão
passou a depender da capacidade de valorização de seus recursos locais no
mercado global.
Portanto, está em jogo a sobrevivência das empresas e a estratégia
para enfrentar este desafio é a inovação tecnológica. No mercado
globalizado, a competitividade está dependendo, cada vez mais, da capacidade da
empresa aprender e inovar. Os esforços deverão logo se concentrar na
implantação e manutenção, na empresa, de uma estrutura própria de Aprendizagem
Organizacional e de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação -PD&I para desafiar esta nova realidade
competitiva. A inovação passou a ser um elemento estratégico e motor do
crescimento econômico sustentável, pois aumenta a produtividade e a
competitividade, e cria mercados.
Não devemos observar a inovação como algo complexo, concentrado na
alta tecnologia e envolvendo grandes investimentos. A inovação pode ser
realizada por qualquer empresa, qualquer que seja seu tamanho e seu orçamento e
em qualquer nível: no produto, no processo, no serviço, ou em ambos; no
estratégico, no tático, ou no operacional.
Uma pequena panificadora de São Paulo, para enfrentar a forte
competitividade das redes de supermercados, inovou implantando uma central de
produção de pães congelados. Isto permitiu a expansão da empresa que, em
pouco tempo, aumentou de oito vezes o seu faturamento, inaugurou duas novas
filiais, e quadriplicou o número de seus funcionários. Esta é uma
inovação técnica de processo que exigiu da empresa pesquisa para desenvolver um
conhecimento tecnológico necessário para leitura de código de barras e para o
próprio processo de congelamento.
Os desafios mudaram e as inovações tecnológicas decorrentes do conhecimento
e da pesquisa sistemática já dominam a nova economia. Para ilustrar esta
mudança, basta observar que na área da agricultura, por exemplo, não é preciso
ter apenas água, terra, e sol para ser competitivo; existem hoje os grãos
geneticamente modificados que têm um grande valor agregado e que são resultados
de pesquisas inovadoras. Isto mostra a importância do conhecimento como
fator estratégico das empresas, capaz de gerar vantagens competitivas e
diferenciais de mercado.
As organizações estão se esforçando cada vez mais em criar,
armazenar, transferir e aplicar o conhecimento. No Maranhão, poucas
empresas exercem algum tipo de ação para colocar a Inovação Tecnológica em
prática. Contudo, iniciativas interessantes surgiram como o programa “Inova
Maranhão” da FAPEMA lançado no AmazonTech 2008, o SIBRAETEC e os Agentes Locais
da Inovação do SEBRAE Maranhão, os programas de Inovação da FIEMA, a criação de
Núcleos de Inovação Tecnológica nas nossas universidades: IFMA, UFMA e
UEMA. Entretanto, é preciso convergir tais iniciativas buscando elaborar
uma Política Estadual da Inovação criando um Conselho Gestor e um Observatório
da Inovação.
Precisamos urgentemente de um marco regulatório para esta
finalidade, Leis Estadual e Municipais da Inovação, Leis Estadual e Municipais
do Bem e de Informática. A Lei Estadual da Inovação é uma das exigências
do Ministério de Ciência e Tecnologia –MCT que espera que todos os estados da
federação tenham suas Leis estejam aprovadas e em funcionamento. A Lei da
Inovação deve estabelecer regras para o investimentos de recursos
públicos Estaduais e Municipais em projetos de Inovação nas Empresas,
regulamentar a participação de Pesquisadores em Projetos de Inovação
Tecnológica nas Empresas e criar o Fundo Estadual/Municipal da Inovação
garantindo assim subsídio para o investimento nesta área. Infelizmente, a Lei
da Inovação do Maranhão foi desenvolvida pela Fapema e pronta deste o início de
2009, nunca foi encaminhada à Assembleia para aprovação.
Precisamos também disseminar a cultura da inovação na
nossa academia e junto com os nossos empresários, implantando a disciplina de
Empreendedorismo em nossos currículos acadêmicos, encorajando a instalação de
Empresas Juniores, e apoiando a criação da Rede Maranhense de Incubadoras de
Empresas.
Nossa academia precisa rever seu papel na sociedade e se abrir para
o mundo externo, trabalhando de forma eficiente o tripé
Ensino-Pesquisa-Extensão com foco na Inovação. Precisamos também
encontrar mecanismos para fortalecer a interação Universidade-Empresa.
Isto é fundamental para o sucesso da implantação de uma Política de Inovação no
Estado além de sensibilizar e capacitar nosso empresário no uso das tecnologias
e na busca contínua por inovações.
Para consolidar
tais iniciativas, precisamos urgentemente consolidar um Parque Tecnológico no
Estado. O Maranhão é, hoje, o único Estado do Nordeste sem ter um Parque
Tecnológico instalado no seu território. Estados como São Paulo, por
exemplo, tem quinze Parques Tecnológicos. A instalação de um Parque Tecnológico
no Estado atrairá grandes investimentos do
setor privado além de incentivar a instalação no Maranhão de grandes
empreendimentos. O Parque deve implantar um Centro de Transferência de
Tecnologia e de Negócios e contemplar áreas estratégicas para o estado como um
Polo de Biotecnologia, um Polo de Software, um Polo de Biocombustíveis e
Energias Renováveis, um Polo Aeroespacial, um Polo de Agronegócio, Incubadoras
de Empresas, etc.
É neste quadro de orientação que deve se inscrever nossa abordagem
prospectiva da implantação do Parque Tecnológico do Maranhão, buscando assim a
emergência de um clima de Pesquisa propício à Inovação Tecnológica e consequentemente
à melhoria da competitividade econômica do Estado e à geração de trabalho e
renda transformando conhecimento em riquezas que beneficiam todos os
maranhenses.
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