quarta-feira, 12 de novembro de 2014

INTERAÇÃOUNIVERSIDADE - EMPRESA

Por Sofiane Labidi
Na era do Conhecimento, a interação academia - empresa não é mais um desejo da academia ou da empresa, ela passou a ser uma exigência de ambas. De um lado, a universidade, cada vez mais criticada, está buscando uma redefinição de seu papel na sociedade.  Do outro lado, a empresa, impulsionada pela necessidade da sobrevivência, está buscando novas alternativas para garantir sua competitividade.
Qualidade, Inovação e Sustentabilidade são os ingredientes fundamentais da empresa do século 21.  A Inovação Tecnológica depende do conhecimento e isso remete à missão da universidade que é a geração do conhecimento.  Daí o fator principal da relação universidade-empresa.
Por se tratar de dois universos distintos, o processo de interação academia-empresa é bastante complexo. De fato, empresa e universidade, embora com papéis complementares na sociedade,têm objetivos conflitantes principalmente no curto prazo.A universidade tem por foco principal a formação de recursos humanos e a geração do conhecimento, considerando a tecnologia necessária para o desenvolvimento da sociedade em geral.  Já a empresa foca a geração de lucros para garantir sua sobrevivência e para realizar sua função social de geração de emprego e de atendimento a necessidades específicas da sociedade.
Apesar da importância da interação universidade-empresa, existem ainda muitas barreiras (organizacionais, culturais, pessoais, etc.) que precisam ser rompidas para que esta interação pudesse ser concretizada.  Preconceitos e desconfianças mútuas são alguns fatores do distanciamento entre a universidade e a empresa.
A universidade está pouco acostumada a pesquisar de forma dirigida, atendendo solicitações precisas, com prazos bem determinados, e muitas exigências.  Sua estrutura colegial muito rígida e lenta burocratiza seus processes e dificulta uma rápida adaptação de suas pesquisas, seus cursos e disciplinas às necessidades do mercado e às mudanças.  Além disso, a regulamentação universitária brasileira pouco incentiva seus pesquisadores em participarem de projetos de pesquisa na indústria.
A academia é forte na pesquisa básica, porém, ela tem muita dificuldade em desenvolver pesquisa aplicada. De fato, a pesquisa aplicada exige um volume de investimento maior, que a academia tem dificuldades em disponibilizar. Contudo, a pesquisa básica de hoje é a pesquisa aplicada de amanha.
Na academia, o principal critério de avaliação do profissional é a produção científica realizada sob forma de artigos,etc.Porém, a necessidade da transformação da pesquisa em riquezas é cada vez maior na sociedade.  Isto passa pela transferência de tecnologia e pela cooperação com a empresa, beneficiando a todos, gerando inovações tecnológicas, patentes, royalties e qualidade de vida.
A forma básica e tradicional do relacionamento universidade-empresa consiste no aproveitamento, pelas empresas, dos recursos humanos qualificados disponíveis na academia. Entretanto, há várias outras formas de cooperação como:consultoria, desenvolvimento de softwares, atividades de engenharia, pesquisa, fornecimento de insumos, transferência de tecnologia, formação, capacitação e treinamento (engenharias, especializações, mestrados profissionalizantes, etc.), criação de Spin-Offs (empresas nascentes), incubadoras de empresas, etc.Uma forma mais avançada desta cooperação passou a agregar as novas tecnologias ao processo produtivo.Protocolos de cooperação, de médio e longo prazo são cada vez mais frequentes chegando, em alguns casos,a prazos de até dez anos.
Para que tenhamos uma interação sadia entre as duas partes,é preciso primeiro que a universidade tenta compatibilizar sua independência acadêmica com a produtividade científica e a cooperação com o setor produtivo.  Além disso, nos diferentes projetos de cooperação, é imprescindível identificar os conflitos e administrá-los de forma madura e responsável.
A empresa é caracterizada pela busca contínua da eficiência, organização, qualidade e produtividade com planos de metas bem estabelecidos.  Apesar de ser aconselhado, a universidade não é obrigada a adotar o mesmo modelo do setor produtivo, porém isto é necessário quando se trata de atividades de interação com a empresa.Precisamos definir de que forma a interação pode acontecer?Qual é a interface? O empresário deve saber quem procurar dentro da universidade,resolver os entraves burocráticos, etc.
A cooperação universidade empresa é benéfica tanto para universidade que vai direcionando suas pesquisas para temas aproveitáveis pelo setor produtivo, rever o conteúdo e criar novas ofertas de cursos e disciplinas, garantir novas fontes de financiamento da pesquisa, provocar melhorias na sua infraestrutura de pesquisa e executar as pesquisas básicas e aplicadas, gerar patentes e consequentemente royalties que beneficiam tanto a universidade como os pesquisadores, os alunos e a sociedade.
As empresas também se beneficiam desta interação que vai lhes possibilitar um desenvolvimento tecnológico de baixo custo, apoio de pesquisadores altamente qualificados, acesso a laboratórios e bibliotecas, soluções de problemas, geração de inovações tecnológicas e patentes, atualização tecnológica constante, etc.Tudo isto leva a uma modernização do parque industrial local e nacional.
Por sua vez, o setor público, participando desta parceria, tem condições de propiciar o desenvolvimento de programas estratégicos gerando um grande impacto socioeconômico e desenvolvimento local.
Há hoje no Maranhão, uma lacuna muito grande entre a universidade e a empresa.  Esta lacuna deve ser preenchida implantando um ambiente favorável e catalisador para esta interação compondo por Parques Tecnológicos, Incubadoras de Empresas, Spin-offs, Escritórios de Transferência de Tecnologia, Núcleos de Inovação Tecnológica –NITs, Polos Tecnológicos (Polos de Biotecnologia, Software, Saúde, Aeroespacial, Energias Renováveis, etc.), etc. criando assim mecanismos de interação para gerenciar tal relação.
Assim, mais do que nunca, a pesquisa, ciência, e tecnológica devem estar ligadas às reais necessidades da Sociedade.  Não se pode mais aceitar que empresa e universidade atuam longes uma da outra.  É indispensável que tanto a academia como o setor produtivo sejam atentos às exigências da era do conhecimento e que, com o apoio dos Governos, FIEMA, IEL, SEBRAE, ACM, etc., se cria uma dinâmica que vai além das poucas relações isoladas existentes, propondo e desenvolvendo um sistema forte e integrado de cooperação Governo – Universidade-Empresa..

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